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22/10/2018Enquanto a Igreja está disposta a deixar-se “perturbar” pelos sonhos dos jovens e a caminhar com eles para realizá-los, com novidade e beleza? É o que se pergunta ao Sínodo hoje, na conclusão da reflexão sobre a terceira parte do Instrumentum laboris.
Para a Igreja é necessária – lê-se em alguns dos 14 Relatórios dos Círculos Menores – uma conversão pastoral e missionária que não seja um mero exercício técnico, mas uma exigência do seguimento de Cristo; uma conversão voltada à renovação da própria Igreja para aspirar a ser mais, a servir mais. Com efeito, o sonho do Sínodo é uma Igreja mais em conformidade ao Evangelho. E uma contribuição essencial para implementar tal conversão vem precisamente dos jovens: eles – sublinham os Padres Sinodais – não devem ser somente um objeto “receptor” preferencial da ação pastoral, mas também sujeitos protagonistas e participantes ativos nos processos de tomada de decisão, em uma ótica de corresponsabilidade e colegialidade, porque eles têm algo precioso para oferecer, com o qual o Senhor pode operar milagres.
No entanto, existem numerosos desafios que os jovens são chamados a enfrentar hoje: a marginalização, especialmente de mulheres vítimas de machismo e desigualdade; as dependências; a questão das pessoas homossexuais que devem ser acompanhadas pastoralmente, para que possam crescer na fé e não serem discriminadas, porque a Igreja se opõe à discriminação contra qualquer pessoa ou grupo; o desemprego; as questões éticas sobre o tema da sexualidade e do aborto, que devem ser aprofundadas para evitar confusão; a influência do ocultismo; o drama dos abusos, diante dos quais a Igreja pode e deve ser reformada, para que seja verdadeiramente um ambiente seguro e digno de confiança. Diante disto – observa o Sínodo – a Igreja tem a tarefa primordial de transmitir o dom da fé com o acompanhamento, o discernimento e a integração, privilegiando o primado da escuta do Evangelho e olhando para formas mais eficazes de tratar com os jovens, como a música ou o esporte. A Igreja – diz ainda o Sínodo – deve ser “em saída” e é urgente uma nova espiritualidade missionária.
Central também a reflexão sobre a família, “pequena Igreja”, escola de amor e humanidade, ponto de partida para chegar a Cristo: por isso – dizem os Padres Sinodais – a pastoral juvenil não pode ser pensada como separada da pastoral da família.
Ao lado da família, deve ser repensada também a paróquia, como lugar de escuta, comunhão e missão: é preciso comunidades fraternas, alegres e contagiantes – explica o Sínodo – em que os jovens possam assumir suas responsabilidades, quem sabe passando por fracassos, que no entanto, se bem acompanhado, é sempre fonte de crescimento. Em síntese – observam os Padres – os jovens devem se acostumar a recolocar sua confiança em Deus, graças a uma pastoral de fraternidade, marcada também por formas específicas como o oratório ou serviço.
Particular atenção, ademais – revelam alguns relatórios – deve ser colocada no mundo digital, quer por seus aspectos positivos no campo da evangelização, como pelos aspectos negativos, como a pornografia e o cyberbullying, em resposta aos quais o Sínodo exorta à elaboração de protocolos adequados para a promoção de uma “cidadania digital” responsável.
E mais ainda: os Círculos Menores recordam a necessidade de incentivar as escolas e as universidades católicas, capazes de uma formação integral da pessoa que seja de qualidade, interdisciplinar e promotora da “cultura do encontro”, porque educar é um ato de amor e fermento de comunhão.
Os Relatórios dos Círculos Menores também se concentram na urgência de um maior compromisso em favor da justiça social: a opção preferencial pelos pobres – lugar teológico do encontro com Deus – coincide frequentemente com aquela pelos jovens, que muitas vezes são indigentes. E é nesse contexto que os jovens católicos podem criar uma aliança ecumênica, inter-religiosa e em diálogo com os não-crentes, porque somente partindo dos pobres é possível sonhar com um mundo mais justo.
A formação da juventude na Doutrina Social da Igreja, ou melhor, sua “inculturação” – acrescentam os Padres – torna-se essencial também para enfrentar, por exemplo, a corrupção, e promover a paz e a salvaguarda da Criação. Os jovens, de fato, podem ser construtores da civilização do amor, guardiões da Casa Comum, transformando a partir do interior, com os valores do Evangelho e da misericórdia de Deus, o mundo da política, da economia, da saúde e da mídia. Trata-se, em essência, de assumir o compromisso de “santificar” a arena secular.
O Sínodo também pede maior atenção para os cristãos vítimas de perseguições, cujos testemunhos ressoaram nestes dias na Sala do Sínodo, bem como aos migrantes, que devem ser acolhidos, protegidos e integrados. Ao mesmo tempo, é sugerido que se promova a sua ajuda na própria pátria, através das Igrejas particulares.
Neste contexto, os jovens podem ser um válido apoio, tornando-se verdadeiros “apóstolos dos migrantes” porque muitas vezes há muitos jovens entre eles. Além disso, o Sínodo concentra-se nas várias expressões da piedade popular – por exemplo, as peregrinações – pois às vezes ajudam os jovens a cumprir um caminho de descoberta da doutrina e da moral cristã, graças à “força evangelizadora” neles contida.
O Sínodo, depois, reflete sobre o chamado à santidade: os jovens anseiam pela santidade da vida e desejam receber conselhos práticos para ajudá-los nesse caminho. Por esta razão, é importante não negligenciar a dimensão espiritual, porque permite aos jovens discernir o caminho que Deus abre diante deles.
Por um lado, é preciso acompanhantes competentes que apoiem os jovens a fazerem as escolhas certas; por outro lado, é necessário elaborar um estilo de vida cristã próprio dos jovens: por exemplo, um estilo de oração, uma lectio divina ou um modelo de celebração eucarística específico para eles.
De fato, é necessário ensinar aos jovens que a Missa é um encontro com Deus, um momento em que somos tocados por Cristo. E como lugar privilegiado de evangelização, o mistério eucarístico, com seu encanto, deve ser mais acessível aos jovens, graças a uma linguagem adequada, artístico-musical e poética.
Por fim, dos vários Relatórios, emerge a reflexão de que o Sínodo é apenas o começo de um processo que, como uma chama, deve ser levado adiante, alimentada e disseminada em nível local.
Via Aleteia