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04/06/2020
Existem feridas no passado que “a arte do diálogo” pode curar. Incompreensões que podem ser refletidas a partir de um ponto de vista diferente, não antagonista, e levar a um percurso que do preconceito leve à partilha. É a experiência adquirida em decênios de trabalho ecumênico pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos que nesta sexta-feira (5) celebra 60 anos de atividades.
O Pe. Avelino González-Ferrer, da seção ocidental do Dicastério, afirma que foi um caminho percorrido com possibilidades multiplicadas do convite recíproco ao diálogo com as outras confissões cristãs, por exemplo, através do Conselho Mundial das Igrejas.
Pe. Avelino – “O Conselho Mundial das Igrejas sempre teve um papel muito importante em todo o movimento ecumênico. Por isso, a participação da Igreja católica sempre foi relevante. Participamos como observadores, mas colaboramos na ‘Comissão Fé e Constituição’ – uma colaboração muito importante que se ocupa de temas centrais para o movimento católico.”
Quais são esses temas dos quais nós, como Igreja católica, tratamos com as outras comunidades, especialmente aquelas das tradições protestantes?
Pe. Avelino – “São muitos e diversos temas porque cada diálogo bilateral tem a sua história, a sua realidade teológica. Diria que, em geral, há uma metodologia do diálogo, aquela de fazer sempre uma releitura da história entre as Igrejas porque cada Igreja tem a sua memória, que é uma memória caracterizada por muito sofrimento. Reler a história ativa uma dinâmica que leva à recuperação de uma memória. Essa recuperação da memória é muito importante, porque somente com essa recuperação da memória se pode alcançar uma unidade.”
Esse tema da memória e da recuperação é muito forte no magistério do Papa Francisco. O que a Igreja pode oferecer com a sua experiência nesse campo?
Pe. Avelino – “Na minha opinião, vivemos num período em que o diálogo é difícil. Podemos dizer que há uma crise de diálogo no mundo. A Igreja católica, através da experiência, forneceu – podemos dizer – a arte do diálogo junto a outros parceiros do diálogo. Essa metodologia de ir do conflito à comunhão – não plena, mas assim mesmo uma comunhão que hoje é muito diferente em relação há 60 anos –, essa amizade e esse diálogo são muito importantes e o mundo precisa dessa arte do diálogo. Penso que esse seja o nosso desafio para o futuro.”
Via Vatican News