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13/04/2017As meditações da Via Sacra a que o Papa vai presidir nesta Sexta-feira Santa, 14, no Coliseu de Roma, lembram a “banalidade do mal”, numa proposta da teóloga francesa Anne-Marie Pelletier.
“São inúmeros os homens, as mulheres e até as crianças abusadas, humilhadas, torturadas, assassinadas, sob todas as dimensões do céu e em cada momento da história”, refere o texto da biblista, a primeira mulher a ser distinguida com o Prêmio Joseph Ratzinger, uma espécie de Nobel da Teologia.
As reflexões para as 14 estações que recordam os momentos do julgamento, condenação e execução de Jesus Cristo apresentam-se com uma proposta diferente em relação ao esquema tradicional destas celebrações, para lembrar a presença do mal na humanidade.
“Trata-se do nosso mundo, com todas as suas quedas e os seus sofrimentos, os seus apelos e as suas revoltas, tudo aquilo que clama a Deus, hoje, a partir das terras de miséria ou de guerra, nas famílias dilaceradas, nas prisões, nas barcaças sobrecarregadas de migrantes”, diz.
Anne-Marie Pelletier cita Santa Catarina da Siena, a judia Etty Hillesum, o teólogo ortodoxo Christos Yannaras e o pastor Dietrich Bonhoeffer, entre outros.
A Via Sacra do Coliseu de Roma recorda ainda os monges assassinados em Tibhirine, sete religiosos trapistas sequestrados e mortos na Argélia em 1996.
Para a biblista francesa, era necessário que “Jesus Cristo trouxesse a ternura infinita de Deus até ao coração do pecado do mundo”. “Era necessário que a doçura de Deus visitasse o nosso inferno; era a única maneira de nos livrar do mal”, acrescenta.
A 14ª estação reflete sobre ‘Jesus no sepulcro e as mulheres’, rezando pelas mulheres “mulheres que honram, neste mundo, a fragilidade dos corpos que elas circundam de doçura e consideração”.
A tradição da Via Sacra no Coliseu de Roma remonta ao século XVIII e foi retomada em 1964 pelo Papa Paulo VI.
Todos os anos, o Papa pede a um autor diferente a redação dos textos de reflexão apresentados nas estações da Via Sacra de Sexta-feira Santa, seguida por dezenas de milhares de peregrinos, com velas na mão.
Nos últimos anos, as meditações tinham sido confiadas ao cardeal Béchara Boutros Raï, patriarca de Antioquia dos maronitas (Líbano), com a colaboração de vários jovens do seu país (2013); ao arcebispo italiano D. Giancarlo Maria Bregantini (2014); ao bispo italiano D. Renato Corti, antigo responsável pela diocese de Novara (2015); e ao cardeal Gualtiero Bassetti, da diocese italiana de Perugia (2016).
Por Canção Nova, com Agência Ecclesia