Museus são como casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. São conceitos e práticas em metamorfose.” Assim define o Sistema Brasileiro de museus. Assim é o Museu de História dos Salesianos no Brasil, ou melhor pretende ser, visto que está em fase de re-implantação.
Quando os salesianos chegaram a São Paulo,em 1885, estabeleceram-se no bairro Campos Elíseos, onde fundaram o Liceu Sagrado Coração de Jesus. A maioria de seus alunos eram filhos de donos de terras em Mato Grosso, Goiás, nas bacias do Paraná e Paranapanema e doavam peças, que passaram a constituir o acervo do Museu de Zoologia, vinculado ao Liceu. Eram lobos-guará, saguis, sucuris, tamanduás bandeira, estudados e classificados pelos professores que também contribuíam com doações. Na década de 1980, os laboratórios de Física, Química e Biologia passaram a fazer parte do acervo.
O museu funcionou para alunos, seus familiares e alguns poucos visitantes até 2005, quando faleceu José Geraldo de Souza (SDB) que, ao lado de Mario Quilici (SDB), assumiram a difícil tarefa de guardiões de bens patrimoniais tão importantes para a redescoberta do passado histórico da cidade de São Paulo, ponto vital para a compreensão e transmutação do presente e projeção de um futuro mais humano. Os salesianos tem um envolvimento profundo com a história do Brasil, com destaque para São Paulo, principalmente, no que se refere ao setor educacional, à música, ao teatro e a área profissionalizante, afinal o Liceu antes de se tornar Liceu foi uma Escola de Artes e Ofícios.
O mau estado de conservação do acervo levou Mario Quilici (SDB) a solicitar uma reunião com o inspetor e o ecônomo da Casa Inspetorial de São Paulo e juntos decidiram iniciar uma grande reforma do espaço e criar agora um museu capaz de manter viva a memória de fatos que envolvem a história de São Paulo como a Revolução Esquecida, a Revolução Constitucionalista; a memória do Liceu Coração de Jesus onde se concentram marcas profundas das transformações vividas na área educacional, na sociedade paulista, na política, além de ser um ponto de resistência à urbanização desenfreada e selvagem que transfigurou os Campos Elíseos, primeiro bairro da elite paulistana, em submundo das drogas. Essa idéia do abnegado salesiano ganhou força quando o governo do estado de São Paulo decidiu revitalizar a região histórica dos Campos Elíseos, da qual o Liceu Coração de Jesus, onde se localiza o museu, faz parte.
Tendo em vista esses fatos, a museografia seguirá um esquema narrativo que principia pela origem da congregação, destacando aspectos da vida de Dom Bosco e sua relação com o Brasil enveredando pelos meandros das áreas de atuação dos salesianos. A musealização do acervo encontra-se em estado avançado e a inspetoria aguarda a aprovação do projeto arquitetônico para iniciar a adaptação do espaço às normas de conservação preventiva e aos princípios estéticos requeridos pela conjugação do tema ao acervo.