O pequeno João Bosco, aos 11 anos, é o garoto mais popular da sua região. Todos conhecem o menino que sabe andar sobre a corda bamba, fazer mágicas e ainda repetir todo o sermão que o padre fez na missa da manhã. Desta forma, conseguia atrair um grande número de pessoas para conseguir realizar o seu principal objetivo: falar de Deus e rezar com elas!
Mesmo tão cedo, João Bosco já percebia que os jogos e os malabarismos eram grandes instrumentos para uma missão muito maior. Era preciso cultivar uma espiritualidade consistente para que não se deixasse levar pelo orgulho, que poderia fazê-lo mudar o foco do seu esforço para promover apenas a si mesmo.
Paralelamente ao seu apostolado com os seus colegas, Joãozinho crescia também em sua vida espiritual. E em 1826, ele deu um passo muito importante neste caminho, ao receber a sua Primeira Comunhão.
Foi na igreja matriz de Castelnuovo, sua paróquia, no dia 26 de março. Era o dia da Páscoa. Tratava-se de uma exceção, uma vez que na maioria dos casos ninguém era admitido à Comunhão antes dos 12 anos de idade.
A casa dos Bosco ficava longe da igreja (cerca de 5 km). Para evitar que ele crescesse sem receber a primeira eucaristia, a própria Mamãe Margarida se empenha para lhe ensinar o que sabia da melhor forma possível. Durante a Quaresma foi ao catecismo todos os dias. Depois foi examinado e aprovado para receber a primeira comunhão.
Dom Bosco fez questão de deixar, nas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales”, um relato detalhado deste dia, destacando a presença educativa de Mamãe Margarida neste momento que marcou a sua vida.
Ela levou Joãozinho para se confessar, durante a Quaresma, em três oportunidades. Dizia Margarida: “Meu João, Deus está preparando um grande presente para ti, mas procura preparar-te bem, confessar, não calar nada na confissão. Confessa tudo, arrepende-te de tudo, e promete a Deus ser melhor para o futuro”.
Em casa, Mamãe Margarida estimulava Joãozinho a ler um bom livro e não deixava de dar bons conselhos.
No dia específico da Primeira Comunhão, Margarida não deixou que seu filho falasse com ninguém. Acompanhou-o na missa e fez com ele a preparação e a ação de graças. Também depois da celebração não quis que João se ocupasse de nada. E disse, solenemente:
“Meu filho, este foi um grande dia para ti. Estou certa de que Deus tomou realmente posse do teu coração. Promete-lhe agora que farás o que puderes para te conservares bom até o fim da vida. Para o futuro, comunga frequentemente, mas jamais cometa sacrilégio. Diz sempre tudo na confissão. Sê sempre obediente, vai de boa vontade à doutrina e aos sermões, mas, por amor de Deus, foge como da peste dos que têm más conversas”.
Dom Bosco diz em suas Memórias que, de fato, ele experimentou uma melhora em sua vida, especialmente na obediência o que, segundo ele, antes lhe custava muito, porque sempre queria fazer objeções infantis a quem lhe dava alguma ordem ou conselho.
Certamente foi neste tempo que Dom Bosco começou a fundamentar a grande importância que, mais tarde, como pastor e educador dos jovens daria aos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, colocando-os no centro de uma relação sadia e madura de amizade com Jesus.
Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
Animador das dimensões Vocacional, Missionária e de Evangelização e Catequese da Pastoral Juvenil Salesiana
E-mail: [email protected] / Facebook: www.facebook.com/glaucosdb
ESPAÇO VALCOCCO – CAPÍTULOS
Capítulo 1: Espaço Valdocco: somos Dom Bosco que caminha
Capítulo 2: Um começo de vida marcado pela pobreza e por uma fatalidade
Capítulo 3: Uma mãe corajosa, amorosa e cheia de fé
Capítulo 4: Antônio, José e João: três irmãos muito diferentes
Capítulo 5: O início dos estudos de João Bosco e o começo dos conflitos familiares
Capítulo 6: Um sonho que ficou gravado profundamente na mente
Capítulo 7: Um sonho que é memória e profecia
Capítulo 8: Um sonho que envia um pastor para os jovens
Capítulo 9: Um saltimbanco de Deus
Capítulo 10: Deus tomou posse do teu coração
Capítulo 11: A fúria de Antônio
Capítulo 12: Um lugar com a família Moglia
Capítulo 13: Uma experiência rica de família e trabalho
Capítulo 14: Um tempo para aprender a falar com Deus
Capítulo 15: Um amigo inesperado
Capítulo 16: Um pai para Joãozinho Bosco
Capítulo 17: Um desastre que desfalece as esperanças
Capítulo 18: “O vaqueiro dos Becchi” retorna para a escola
Capítulo 19: Mais dificuldades na escola de Castelnuovo
Capítulo 20: Um amigo para toda a vida
Capítulo 21: “Se eu for sacerdote, serei muito diferente”
Capítulo 22: Férias em Sussambrino
Capítulo 23: O sacrifício de pedir ajuda
Capítulo 24: Chieri, uma cidade repleta de história, piedade e estudos
Capítulo 25: O início dos estudos em Chieri
Capítulo 26: Uma memória extraordinária
Capítulo 27: O cuidado de João em escolher suas amizades
Capítulo 28: A Sociedade da Alegria: uma maneira de evangelizar os colegas
Capítulo 29: O cultivo da espiritualidade na Sociedade da Alegria
Capítulo 30: João Bosco, filho de Maria Santíssima e testemunho da santidade para os seus colegas
Capítulo 31: O ano escolar de 1832-1833: a crisma de João Bosco e a ordenação do Pe. Cafasso
Capítulo 32: O amigo Luís Comollo
Capítulo 33: Um trabalho exigente no Café Pianta
Capítulo 34: Uma presença que causava admiração e fazia a diferença
Capítulo 35: A amizade e a conversão do judeu Jonas
Capítulo 36: Um jovem com muitos talentos e habilidades
Capítulo 37: Crise vocacional de João Bosco e a decisão de fazer-se franciscano
Capítulo 38: “Deus te prepara outro lugar, outra messe”
Capítulo 39: O Pe. Cinzano, instrumento da providência divina no caminho vocacional de João Bosco
Capítulo 40: O dia em que João Bosco recebeu a batina
Capítulo 41: E finalmente João entra no seminário