Em 1824, quando Joãozinho Bosco chega aos 9 anos de idade, Mamãe Margarida deseja mandá-lo para a escola. No entanto, lhe preocupava o fato dessa ser longe de sua casa. Eram 5 quilômetros de distância até o povoado de Castelnuovo, onde ficava. Além disso, Antonio, o meio-irmão de João Bosco, era contra a sua matrícula.
Eram pobres e havia muito trabalho na fazenda. Para Antonio, João deveria ajudar nos trabalhos na casa e não “perder o tempo” com os estudos.
Pensando em tudo isso, Mamãe Margarida matriculava Joãozinho na escola do pequeno povoado de Capriglio. Foi neste lugar que ela nasceu e era mais próximo de casa do que Castelnuovo (pouco menos de 2 quilômetros de distância).
É importante conhecermos o contexto histórico da educação no norte da Itália neste período para entendermos melhor a formação que Dom Bosco recebeu quando criança. No dia 23 de julho de 1822, o Rei Carlos Félix expediu uma Lei de Educação que dava oportunidade a todos os súditos de frequentarem a escola, mesmo aqueles que moravam nos lugares mais distantes. Dentro do clima de Restauração Católica que o Piemonte vivia, iniciada após o fim das guerras napoleônicas, o rei confia o cuidado destas escolas à Igreja, especificamente os bispos e os párocos.
Eram escolas que se adaptavam ao ritmo do trabalho rural. Funcionavam desde a Festa de Todos os Santos (2 de novembro) até a festa da Anunciação (25 de março). Depois as aulas eram interrompidas para que os estudantes pudessem se dedicar aos trabalhos agrícolas. É por causa disso que Antônio acaba por ceder em relação à matrícula de João na escola. Meio a contragosto, aceita que ele estude em Capriglio durante o inverno, mas nada mais do que isso.
João não foi imediatamente aceito na escola porque não era morador do município de Capriglio. Neste primeiro inverno, Joãozinho Bosco teve aulas com uma pessoa caridosa que morava próximo a sua casa, que se ofereceu para lhe ensinar as primeiras lições para ler e escrever.
Ele será aceito na escola de Capriglio no inverno seguinte, em 1824, graças à influência de sua tia Mariana Occhiena (irmã de Mamãe Margarida). Mariana trabalhava na casa do Pe. José Lacqua – pároco de Capriglio e professor da escola da cidade e intercedeu pelo seu sobrinho, para que ele fosse aceito entre os alunos. O Pe. Lacqua atende o pedido e João começa a frequentar a escola de Capriglio. Parece que estudou ali entre os seus 9 e 11 anos de idade.
O Pe. Lacqua é elogiado por Dom Bosco, nas Memórias do Oratório. Diz que se professor é um sacerdote muito piedoso e que foi muito atencioso para com ele, interessando-se de bom grado pela sua instrução e mais ainda pela sua educação cristã. Em Capriglio, João cumprira o ciclo escolar elementar. Aprendeu ali a ler e a escrever. Segundo alguns testemunhos de companheiros deste tempo, João aproveitava todas as oportunidades que tinha para ler, por exemplo, enquanto cuidava do gado ou enquanto comia. Para alguns deles, João dizia que estava se preparando para o sacerdócio. Alimenta a ilusão de não parar os seus estudos, estimulado especialmente por Mamãe Margarida.
No verão, no recesso escolar, João trabalha em tempo integral na fazenda. Em 1826, com a morte de sua avó, Antonio sente a necessidade de assumir a autoridade da casa. A avó era o único vínculo de sangue que Antonio ainda tinha naquela casa. Os conflitos familiares tendiam a aumentar ainda.
No entanto, um ano antes deste fato, João tem um sonho que lhe ficará profundamente gravado na memória. Este é o nosso assunto da semana que vem. Não perca!
Pe. Glauco Félix Teixeira Landim
Animador das dimensões Vocacional, Missionária e de Evangelização e Catequese da Pastoral Juvenil Salesiana
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ESPAÇO VALCOCCO – CAPÍTULOS
Capítulo 1: Espaço Valdocco: somos Dom Bosco que caminha
Capítulo 2: Um começo de vida marcado pela pobreza e por uma fatalidade
Capítulo 3: Uma mãe corajosa, amorosa e cheia de fé
Capítulo 4: Antônio, José e João: três irmãos muito diferentes
Capítulo 5: O início dos estudos de João Bosco e o começo dos conflitos familiares
Capítulo 6: Um sonho que ficou gravado profundamente na mente
Capítulo 7: Um sonho que é memória e profecia
Capítulo 8: Um sonho que envia um pastor para os jovens
Capítulo 9: Um saltimbanco de Deus
Capítulo 10: Deus tomou posse do teu coração
Capítulo 11: A fúria de Antônio
Capítulo 12: Um lugar com a família Moglia
Capítulo 13: Uma experiência rica de família e trabalho
Capítulo 14: Um tempo para aprender a falar com Deus
Capítulo 15: Um amigo inesperado
Capítulo 16: Um pai para Joãozinho Bosco
Capítulo 17: Um desastre que desfalece as esperanças
Capítulo 18: “O vaqueiro dos Becchi” retorna para a escola
Capítulo 19: Mais dificuldades na escola de Castelnuovo
Capítulo 20: Um amigo para toda a vida
Capítulo 21: “Se eu for sacerdote, serei muito diferente”
Capítulo 22: Férias em Sussambrino
Capítulo 23: O sacrifício de pedir ajuda
Capítulo 24: Chieri, uma cidade repleta de história, piedade e estudos
Capítulo 25: O início dos estudos em Chieri
Capítulo 26: Uma memória extraordinária
Capítulo 27: O cuidado de João em escolher suas amizades
Capítulo 28: A Sociedade da Alegria: uma maneira de evangelizar os colegas
Capítulo 29: O cultivo da espiritualidade na Sociedade da Alegria
Capítulo 30: João Bosco, filho de Maria Santíssima e testemunho da santidade para os seus colegas
Capítulo 31: O ano escolar de 1832-1833: a crisma de João Bosco e a ordenação do Pe. Cafasso
Capítulo 32: O amigo Luís Comollo
Capítulo 33: Um trabalho exigente no Café Pianta
Capítulo 34: Uma presença que causava admiração e fazia a diferença
Capítulo 35: A amizade e a conversão do judeu Jonas
Capítulo 36: Um jovem com muitos talentos e habilidades
Capítulo 37: Crise vocacional de João Bosco e a decisão de fazer-se franciscano
Capítulo 38: “Deus te prepara outro lugar, outra messe”
Capítulo 39: O Pe. Cinzano, instrumento da providência divina no caminho vocacional de João Bosco
Capítulo 40: O dia em que João Bosco recebeu a batina
Capítulo 41: E finalmente João entra no seminário