Em novembro de 1832, terminam as férias de João na casa de sua família. É hora de voltar para Chieri para o reinício das aulas, agora no curso de Gramática Latina, que correspondia ao terceiro ano do ginásio.
João voltou para a casa da Sra. Lúcia Matta, que novamente o encarregou de ajudar seu filho nos estudos em troca do pagamento da pensão e da alimentação.
Para ser admitido no novo ano de estudos, João precisou apresentar o atestado que, durante as férias, havia frequentado com regularidade a sua paróquia, confessando-se ao menos uma vez a cada mês.
João teve como professor de gramática o dominicano Pe. Domingo Giusiana. Os dois nutriam em si um grande afeto e uma grande amizade. Um dos colegas de turma de João nesta época, o Dr. Carlos Allora, recordava nos dias do funeral de Dom Bosco, a sua humildade em não ostentar as suas muitas qualidades de estudo e de liderança. Naturalmente, tornava-se um “vigilante” agradável para todos. Não havia quem não acatasse aquilo que João sugeria.
Estas virtudes de João o tornaram conhecido na cidade de Chieri. Ele passou a ser procurado por várias famílias, para ser ajudar outros garotos com os estudos. Ele assim começou a dar aulas particulares nas casas. Seu maior objetivo era fazer o bem para estes jovens. Mas não recusava as pequenas contribuições que lhe ofereciam, até porque precisava muito delas. Foi a maneira que a Divina Providência encontrou para prover João do dinheiro necessário para comprar roupas, materiais escolares e outras coisas importantes, sem precisar importunar a sua família com mais preocupações.
Era conselheiro dos seus companheiros, pacificador e até mestre de vida espiritual. Bastava ver sua ação na Sociedade da Alegria, que continuava caminhando com grande proveito para todos os seus associados.
João, entretanto, estava para completar seus 18 anos. Ainda não havia recebido o sacramento da confirmação. Naquele tempo, não era muito comum administrar a crisma nas pequenas vilas rurais. Naquele ano, porém, um jovem sacerdote muito zeloso, Pe. José Vaccarino, esforçou-se para proporcionar esta alegria também aos camponeses. Ao saber disso, João se colocou a caminho e, no dia 4 de agosto de 1833, em Buttigliera d’Asti, recebeu o sacramento da crisma pelas mãos de Dom João Antonio Gianotti, bispo de Sassari.
Com o final do ano escolar de 1832-1833, o filho da Sra. Lúcia Matta concluiu os seus estudos. Sendo assim, terminou também para João o tempo de pensão nesta casa, uma vez que a Sra. Lúcia voltaria para a sua casa em Castelnuovo. Quando adulto, João Batista Matta foi comerciante em sua cidade e chegou a matricular seu filho, em 1869, como aluno do oratório de Turim. Dom Bosco nunca esqueceu deste anos de alegria na casa da família Matta e sempre acolheu com muita cordialidade o seu amigo na casa do Oratório.
Nas férias de 1833, João vai para a casa de sua família e encontra seu irmão José já casado. Sua esposa tornou-se uma excelente companheira para Mamãe Margarida. Bosco passava a maior parte do seu tempo nos Becchi, onde reunia os meninos da vila nos dias festivos para ensiná-los o catecismo, a ler e a escrever, sem exigir nada além da frequência ao sacramentos, pelo menos uma vez por mês. Durante a semana, porém, dedicava bastante tempo para o estudo dos autores clássicos, além de auxiliar nos trabalhos da casa, especialmente na confecção de móveis – como mesas e banquetas, por exemplo, para suprir as necessidades da família. Também aproveitava do ofício de sapateiro, que havia aprendido em Chieri, para prestar pequenos e generosos serviços para a sua família.
Um solene acontecimento marcou estas férias: a ordenação sacerdotal do amigo José Cafasso, no dia 21 de setembro de 1833. No dia seguinte, celebrou sua primeira missa na igreja de Castelnuovo d’Asti, com muita alegria e festa do povo.
Uma vez ordenado, o Pe. Cafasso se une ao Pe. Luís Guala no Colégio Eclesiástico de São Francisco de Assis. É o mesmo local onde Dom Bosco irá estudar anos depois, como jovem sacerdote. Ali o Pe. Cafasso, como professor de moral, infundiu no clero um grande respeito, amor e obediência à pessoa do Papa. Tornou-se um diretor espiritual de grande renome e deixou a sua enorme contribuição para a Igreja.
Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
Animador das dimensões Vocacional, Missionária e de Evangelização e Catequese da Pastoral Juvenil Salesiana
E-mail: [email protected] / Facebook: www.facebook.com/glaucosdb
ESPAÇO VALCOCCO – CAPÍTULOS
Capítulo 1: Espaço Valdocco: somos Dom Bosco que caminha
Capítulo 2: Um começo de vida marcado pela pobreza e por uma fatalidade
Capítulo 3: Uma mãe corajosa, amorosa e cheia de fé
Capítulo 4: Antônio, José e João: três irmãos muito diferentes
Capítulo 5: O início dos estudos de João Bosco e o começo dos conflitos familiares
Capítulo 6: Um sonho que ficou gravado profundamente na mente
Capítulo 7: Um sonho que é memória e profecia
Capítulo 8: Um sonho que envia um pastor para os jovens
Capítulo 9: Um saltimbanco de Deus
Capítulo 10: Deus tomou posse do teu coração
Capítulo 11: A fúria de Antônio
Capítulo 12: Um lugar com a família Moglia
Capítulo 13: Uma experiência rica de família e trabalho
Capítulo 14: Um tempo para aprender a falar com Deus
Capítulo 15: Um amigo inesperado
Capítulo 16: Um pai para Joãozinho Bosco
Capítulo 17: Um desastre que desfalece as esperanças
Capítulo 18: “O vaqueiro dos Becchi” retorna para a escola
Capítulo 19: Mais dificuldades na escola de Castelnuovo
Capítulo 20: Um amigo para toda a vida
Capítulo 21: “Se eu for sacerdote, serei muito diferente”
Capítulo 22: Férias em Sussambrino
Capítulo 23: O sacrifício de pedir ajuda
Capítulo 24: Chieri, uma cidade repleta de história, piedade e estudos
Capítulo 25: O início dos estudos em Chieri
Capítulo 26: Uma memória extraordinária
Capítulo 27: O cuidado de João em escolher suas amizades
Capítulo 28: A Sociedade da Alegria: uma maneira de evangelizar os colegas
Capítulo 29: O cultivo da espiritualidade na Sociedade da Alegria
Capítulo 30: João Bosco, filho de Maria Santíssima e testemunho da santidade para os seus colegas
Capítulo 31: O ano escolar de 1832-1833: a crisma de João Bosco e a ordenação do Pe. Cafasso
Capítulo 32: O amigo Luís Comollo
Capítulo 33: Um trabalho exigente no Café Pianta
Capítulo 34: Uma presença que causava admiração e fazia a diferença
Capítulo 35: A amizade e a conversão do judeu Jonas
Capítulo 36: Um jovem com muitos talentos e habilidades
Capítulo 37: Crise vocacional de João Bosco e a decisão de fazer-se franciscano
Capítulo 38: “Deus te prepara outro lugar, outra messe”
Capítulo 39: O Pe. Cinzano, instrumento da providência divina no caminho vocacional de João Bosco
Capítulo 40: O dia em que João Bosco recebeu a batina
Capítulo 41: E João finalmente entra no seminário