Olá, novamente por aqui.
Desta vez, compartilhamos o testemunho e relato de experiência do salesiano irmão Gabriel Aragão, um missionário aventureiro. Vamos conhecê-lo!
Meu nome é Gabriel Aragão, nasci em 28 de julho de 1987, na cidade de Presidente Prudente-SP. Segundo dos três filhos de Ulisses e Elenice. Conheci os salesianos e salesianas de Mato Grosso estudando em um colégio na cidade de Cuiabá entre 1991 a 1998, onde tive meus primeiros contatos com a figura de Dom Bosco e a espiritualidade salesiana. Em 2006, respondendo às primeiras vozes do chamado de Deus, ingressei no voluntariado para fazer minha primeira experiência concreta na vida salesiana. No princípio de 2009, após vivenciar anteriormente a fase do noviciado em Indápolis-MS, professei os primeiros votos na Congregação Salesiana seguindo mais de perto a Cristo, a exemplo de Dom Bosco, optando pela vocação de salesiano irmão (coadjutor). De 2009 a 2011, morando em Campo Grande, cursei a faculdade de filosofia nos dois primeiros anos e no último fiz minha primeira experiência pastoral, acompanhando um grupo de jovens que aspirava à vida salesiana. Concluindo a etapa do tirocínio, em 2012, convivi e trabalhei nas missões de Mato Grosso, com a etnia indígena Xavante e em 2013 regressando ao acompanhamento dos aspirantes. Nestes anos de 2014 e 2015, dando continuidade à formação salesiana, juntamente com 6 salesianos de vários países estamos vivendo a experiência de CRESCO (Centro Regional del Salesiano Coadjutor), na Guatemala.
Como disse nosso pai e mestre da juventude, São João Bosco: “O que somos é um presente de Deus, em quem nos transformamos é o nosso presente a Ele.” Quando vivemos na vida salesiana, profundamente e intensamente os valores evangélicos, temos uma linda oportunidade para devolver esse precioso dom que Deus nos presenteou. Deus nos chama então a viver, autenticamente, nossa própria opção e reconhecer em tudo que temos e recebemos em nossa missão a verdadeira graça dada por Ele mesmo. Com isso quero partilhar com vocês, uma experiência que tive estando aqui na Guatemala.
“Ao cair da tarde de um 12 de abril, chegamos César e eu naquela que seria nossa terra de missão em plena semana santa de 2014. Uma pequena aldeia chamada “El Cruzadero”, norte de Guatemala, 16 km da cidade de Melchor de Mencos, departamento de Petén. Fomos recebidos por um grupo que estava por terminar uma celebração diária e rotineira naquela comunidade católica. Depois de apresentar-nos e receber as cordiais acolhidas nos levaram ao lugar onde seria nossa hospedaria. Era a casa de uma família simples, muito amável e religiosa. O senhor Leonel, sua esposa dona Mirian e seus filhos Jairon e Claudia nos acolheram prontamente e asseguraram desde o princípio nossa comodidade. Como grande parte das famílias que aí vivem tem ao menos um parente próximo morando nos EUA, esta não era a exceção. Havia 2 anos que seus filhos, Jairon e Claudia, regressaram do país norte americano. Interessante o que se percebe também com relação à cultura e costumes daquela região é que ainda prevalece um pouco o sentido de um tal machismo com relação ao trabalho, ou seja, o homem é aquele que trabalha no campo juntamente com seus filhos barões e as mulheres ocupam-se dos serviços de casa. O sustento da família vem da exploração das riquezas naturais desta região, que tem como característica o clima húmido e a terra rica favorecendo a produtividade de milho, cultura de maior consumo desta região. Grande parte das famílias tem suas pequenas parcelas de terra que utilizam para além da produção do milho, também para a criação de gados.
Recorridos alguns dias de conhecimento e muito trabalho na aldeia, e tendo já uma certa visão cultural, estava com um forte desejo e disposto a poder fazer algo que tornasse nossa estadia recompensadora para a família. Algo que acercara mais ao sentido de gratidão àqueles que nos receberam tão bem. Um ato que para eles seria um sinal de participação, reconhecimento e retribuição. Não obstante, pensado bem, consegui encontrar uma boa oportunidade para tal desejo. Foi quando tivemos a ocasião de poder conhecer um pouco mais a história diária do senhor Leonel e Jairon, o de manter a criação de gados. Não eram muitos, mas o suficiente para sustentar a família e trazer o pão de cada dia. Era um dia casual, quarta-feira, talvez o dia mais tranquilo que tivemos de nossa missão, porque realmente os outros 14 dias foram realmente carregados de atividades. Tudo já estava certamente organizado: despertar cedo, ajudar naquilo que pudermos, voltar e continuar nosso serviço missionário. Oportunamente foi um parênteses precioso de nossa feliz missão. E da casa saímos bem cedo, eram umas 5 horas da manhã, ainda tudo estava escuro, arrumamos o necessário e deixamos que a emoção do momento colorisse nossa própria alegria. Erámos cinco, senhor Leonel, Jairon e um rapaz, Francisco, que sempre os ajudava, três experientes e dois missionários aventureiros. O trajeto até a pequena fazenda não tardou muito. No caminho ia pensando no assunto “ordenhar”, era realmente nossa primeira vez, faltava conhecimento e experiência, mas a força de vontade superava a falta de habilidade. Chegamos! Era um lugar muito bonito, num cume de uma montanha e campo verde…
O gado estava preso no curral, eram aproximadamente doze cabeças; não conheço bem, mas pelo porte parecia ser uma raça muito boa de gado. Bom, o momento havia chegado, ao mesmo esperei que Jairon e Francisco começassem o trabalho eu fui ao pescoço de um deles, com o interesse de ver tudo o que faziam. Ia juntos com eles, para lá e para cá, imitando-os em tudo, até que chegou o momento. Jjá não tinha escapatória, era minha vez de ordenhar. Antes, César, também com sua pouca experiência fez o trabalho que me pareceu muito bom, a mais de sair banhado de leite. Pensei comigo mesmo – se César, conseguiu ordenhar e saiu com leite em grande parte do corpo, eu me banharei por inteiro, mas, foi totalmente diferente! Depois de uma mirada bem atenta, como de alguém que tem vontade de aprender, consegui ordenhar com muita cautela, seguindo os passos inspiradores do conhecimento natural, ou seja, o que a mãe natureza me havia ensinado. Por fim, não me molhei muito, apenas saí com algumas pequenas manchas nas roupas. Ao final, tínhamos acumulado uns 15 litros de leite. Voltamos para casa e nossa felicidade transbordava”.
Com essa e outras experiências que a vida salesiana nos convida a vivenciar é que reconhecemos quão precioso é o chamado que Deus nos faz e a missão que ele nos confia. Desde que entrei para ter os primeiros contatos concretos com a vida salesiana, esta somente me deu muitas alegrias e realizações. Já passei por grandes aventuras, essa não é a primeira e rezo para que não seja a última. E com essas aventuras nos atrevemos a aproximarmoscada vez mais com as realidades juvenis e continuar o projeto que Dom Bosco a mais de 150 anos atrás idealizou, dedicando toda nossa vida à evangelização e educação integral dos nossos destinatários: os jovens mais necessitados de encontrar o verdadeiro Deus da vida.
Gabriel Aragão, SDB