“Eu gostaria de dizer mais uma coisa. Diz respeito ao trabalho com os jovens desempregados. Eu acredito que há uma necessidade urgente, sobretudo que as congregações religiosas – que têm como carisma principal a educação, mas também os leigos e educadores leigos – criem pequenos cursos, escolas de emergência”. Com essas palavras, proferidas durante uma entrevista concedida a Rádio Renascença, o Papa Francisco, volta a falar sobre educação profissional e demonstrar seu conhecimento e admiração por Dom Bosco, como já tinha feito em Turim, no dia 21 de junho, durante o encontro com a Família Salesiana na Basílica Maria Auxiliadora.
Já naquela ocasião, o Papa havia falado sobre a necessidade de “uma educação adequada à crise”, com cursos rápidos e profissionais, no âmbito típico da educação salesiana, que é a formação profissional, as “escolas de artes e ofícios”. Na época, ele havia deixado uma questão em aberto para a congregação: “O salesianos são capazes, hoje, de ensinar estes ofícios de emergência”?
Em uma entrevista concedida à jornalista Aura Miguel Vistas, no dia 8 de setembro, ele retomou o tema:
“Um jovem desempregado estuda por seis meses para se tornar cozinheiro, ou encanador ou – uma vez que o teto precisa sempre de manutenção – pintor. Então, com uma profissão em mãos, ele tem a possibilidade de encontrar um emprego, mesmo que temporário. Fazer o que nós chamamos de “bico”, trabalho casual. Um “bico”, sim. E, desta maneira, ele não se encontra completamente desempregado. Agora é o dia, é o momento da educação de emergência, como fez Dom Bosco. Ele, quando viu quantos filhos havia na rua, disse que se fazia necessária uma educação, não aquela que manda as crianças para a escola tradicional ou a estudar humanas. Mas profissões. Então, ele preparou carpinteiros, encanadores, lhes ensinou a trabalhar e eles foram capazes de ganhar a vida. Assim fez Dom Bosco”.
Mais tarde, o Papa demonstrou mais uma vez a consideração que tem pelo santo fundador da Família Salesiana, usando o exemplo de uma Igreja que não foge do perigo. Ao contrário, que corre para onde há perigo, para socorrer os necessitados:
“E agora eu quero contar uma história de Dom Bosco. Aqui, em Roma, há o Testaccio, uma área que já foi muito pobre, embora hoje seja uma zona apreciada pelos jovens por sua agitada vida noturna. Enfim, Dom Bosco passava por ali, em uma carroça ou carro… não sei, quando atiraram uma pedra que quebrou o vidro. Ele pediu que parassem o carro e disse: ‘Este é o lugar onde precisamos fundar’. Ou seja: ele não viu aquele episódio como uma agressão. Viu como um desafio, uma ocasião para ajudar as pessoas, as crianças, os jovens, que só conheciam a agressividade. E hoje, naquele lugar, há uma paróquia salesiana que forma jovens e adolescentes em suas escolas e atividades”.
Neste link, a entrevista completa, na qual o Papa aborda várias questões, entre as quais a hospitalidade aos refugiados, a vida particular, a sociedade do bem-estar, a eternidade, o Sínodo da família, o Jubileu da Misericórdia e outras.