Nos dias 30 e 31 de outubro, o Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo, recebeu quase 100 educadores das obras que compõem o Polo São Paulo da Rede Salesiana Brasil de Ação Social para o Encontro Nacional de Ação Social, o ENAS. O evento teve como objetivo introduzir os três compromissos fundamentais da RSB-Social como instrumento de ação a partir do território e traçar um caminho para a ressignificação da ação social salesiana em rede.
O ENAS foi coordenado pelos diretores executivos da RSB-Social, Pe. Agnaldo Soares de Lima e Ir. Silvia Aparecida da Silva e pelas animadoras do Polo SP, Rosemeire Gomes e Ana Lúcia da Silva, que não esteve presente por conta de problemas de saúde. O evento também contou com o apoio da secretária da RSB-Social, Fernanda Vieira e dos jovens aprendizes do Centro Juvenil Salesiano Dom Bosco, do Alto da Lapa, capital.
O encontro teve início com a acolhida realizada pelos inspetores Pe. Justo Ernesto Piccinini, da Inspetoria Salesiana de Nossa Senhora Auxiliadora, dos Salesianos, e Ir. Helena Gesser, da Inspetoria Santa Catarina de Sena, das Filhas de Maria Auxiliadora. Pe. Piccinini valorizou a ação social salesiana e chamou a atenção para a qualidade do que é ofertado para os jovens: “Demos realizar nosso trabalho com competência, não pensar em fazer tudo ou muitas coisas, mas fazer o que é possível com qualidade e sermos, enquanto educadores, corresponsáveis com a missão. A resposta do sonho de Dom Bosco não é só dos salesianos e das salesianas, mas de toda a Família Salesiana”. Já Ir. Helena motivou os educadores no sentindo de mostrar que o trabalho salesiano é transformador: “Precisamos curar, salvar a vida dos jovens encorajados em um mundo diferente, mas em que isso é possível”.
Na oração inicial, o educador Diego Oliveira, do Projeto Jataí, obra mantida pelos Salesianos Cooperadores em Pindamonhangaba-SP, refletiu o evangelho do dia, em que Jesus compara o Reino de Deus com uma semente de mostarda e com o fermento. Também chamou a atenção para o que é cidadania, utilizando o material destinado a orações disponibilizado pela Rede Salesiana Brasil de Escolas.
A dinâmica do encontro foi prática e em cada período Pe. Agnaldo apresentou dados sobre a promoção dos direitos humanos de crianças adolescentes e jovens, o fortalecimento da família e a ação socioeducativa de resultados.
Sobre os direitos humanos, Pe. Agnaldo ressaltou que é necessário cada vez mais uma articulação em rede, e não apenas dentro do ambiente salesiano, mas a realização de parcerias com outros órgãos e entidades para que se possa dar maior abrangência, relevância e visibilidade à ação. Neste sentido também é importante a participação efetiva e não apenas representativa dos educadores salesianos nos espaços de controle social, como conselhos, fóruns e coletivos que tratem de temas relacionados às crianças e aos jovens.
Sobre família, Pe. Agnaldo chamou reforçou a importância de se ter nas casas salesianas um acompanhamento processual das famílias para que não se faça uma “pastoral de eventos” que se limite a reuniões. “Em algumas casas nós trabalhamos com a juventude, mas aquilo que acontece com as crianças também influencia no nosso trabalho, porque eles serão os jovens depois. É importante estarmos atentos ao trabalho com toda a família”. A fala vai de encontro com o que está nos documentos, que diz que a proposta educativa de Dom Bosco indica que é necessário praticar o sentido da Pastoral Juvenil Salesiana no contexto familiar, animando seus membros à atitude educativa que tem na obra social salesiana seu espaço de referência para articulação, relacionamento, compromisso e comportamento transformador de si, do outro e da comunidade.
Falando sobre a ação socioeducativa de resultados, que está diretamente ligada aos dois compromissos anteriores, o diretor da RSB-Social destacou que temos boas leis no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Estatuto da Juventude e um sistema de medidas socioeducativas que vai além de enviar os jovens para a Fundação Casa, mas envolve outros órgãos e esferas de governo, porém que as leis e o sistema de medidas socioeducativas não funcionam, o que priva crianças e jovens de seus direitos e os colocam e em uma situação de vulnerabilidade em que acabam tornando-se vítimas. “Querem reduzir a maioridade penal em vez de garantir que as leis e os direitos sejam aplicados, mas se esquecem que esses jovens vão sair da prisão”.
Cada um dos três compromissos contou com trabalhos em grupo onde os educadores elencaram avanços, fragilidades, metas e caminhos operacionais sobre os mesmos. Para concretizar os trabalhos, no último quarto do encontro os educadores se reuniram pelos GT´s em que estão inseridos no Polo SP – Articulação Política, Consolidação da Rede e Sustentabilidade – e elencaram prioridades para serem trabalhadas no próximo ano.