O Laboratório de Metodologias Inovadoras Eric Mazur, do UNISAL Lorena, abriu as portas, no último mês de janeiro, para outro Eric.
O Professor de História, Eric Rodrigues, esteve em Lorena no dia 29 de janeiro. Na ocasião, ele veio compartilhar com os professores do UNISAL e Colégio São Joaquim a bem-sucedida experiência na aplicação do Ensino híbrido na Escola Municipal Emílio Carlos, em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ).
Nessa metodologia de ensino, o estudante passa a ter maior autonomia sobre a aprendizagem. Adota uma postura mais participativa, que resulta na solução de problemas.
Até 2012, Eric não atuava em sala de aula. Acredite se quiser! Ele era coordenador do setor de documentação de uma organização voltada à legalização de estrangeiros com visto de trabalho no Brasil, MRSGlobal, que tinha como clientes empresas como a Michelin, Schlumberger e Shell. Ou seja, um mercado amplo que afastava este talento do cenário educacional.
Apenas em 2013, Eric tomou posse como professor na Prefeitura do Rio em 2013.
Mas o que um profissional recém-ingressado na área de educação pode ensinar a professores experientes do UNISAL? Você nem imagina quantos conceitos.
Eric tem como parceira a Fundação Lemann, uma organização familiar sem fins lucrativos, que tem uma meta ambiciosa: até 2018, promover soluções inovadoras que garantam a alta qualidade no cotidiano da educação de 30 milhões de pessoas, capacite mais 200 mil professores para que sejam capazes de garantir o aprendizado de todos os seus alunos e 65 líderes que realizem transformações sociais de alto impacto. Para isso, contam com educadores como Eric.
A entrevista na íntegra você acompanha abaixo:
Imprensa UNISAL: Por qual motivo decidiu investir na educação?
Eric: Os motivos que me levaram a investir em educação eram o interesse em retornar para minha área de formação e desenvolver algo que tivesse objetivos recompensadores em um nível pessoal. Os resultados do trabalho com educação, mesmo que pequenos, sempre têm enorme impacto na vida das pessoas atingidas. Acho essa mudança extremamente nobre nesta área, apesar de seus enormes desafios.
Imprensa UNISAL: A realidade “financeira” e “social” em que uma escola está inserida pode influenciar nos estudos? Como é a Região em que atua no Rio?
Eric: Nos últimos 3 anos atuei em uma escola chamada E.M. Emílio Carlos, localizada no bairro de Guadalupe. O entorno da unidade reflete o dilema de sua realidade: ela está tão próxima de um shopping de grande porte quanto de uma comunidade carente dominada pelo tráfico. Os alunos são de perfil misto, mas, em sua maioria, vem das áreas onde as condições socioeconômicas são mais precárias. Definitivamente isso influencia na forma como orientamos nossas aulas e nosso trabalho.
Imprensa UNISAL: Quantos alunos você atende?
Eric: O projeto com Ensino híbrido foi desenvolvido nos últimos 2 anos com turmas de 8º ano e, depois, 9º ano. Eram duas turmas, totalizando aproximadamente 80 alunos a cada ano. A faixa de idade transitou dos 13 aos 15 anos. Assista ao vídeo demonstrativo: https://www.youtube.com/watch?v=pfgtTV950NE.
Imprensa UNISAL: A exemplo do UNISAL, a Fundação Lemann também acredita no seu projeto. Como é saber que tem uma organização como parceira, num país onde há inúmeros percalços no campo acadêmico?
Eric: Não existe um investimento direto da Fundação Lemann nesse trabalho. Todos os recursos são de propriedade da escola ou até minha. Apesar disso, toda a parte teórica da área me foi apresentada por uma iniciativa da Fundação durante o ano de 2014, em um Grupo de Experimentações formado por professores com intenso suporte pedagógico de uma equipe de tutoria. Durante 6 meses, aprendemos sobre o método, fizemos aplicações e testes com ele e produzimos o material que deu origem ao livro e ao curso. Nesse período, também recebemos uma bolsa sem valor de remuneração para o custeio mínimo dos esforços envolvidos. Sem esse suporte inicial, esse projeto não existiria hoje.
Imprensa UNISAL: Há diversas maneiras de adotar o Ensino híbrido. A metodologia pode suprir algumas deficiências expostas com as mudanças do perfil do atual aluno?
Eric: Acredito que o Ensino híbrido reúne algumas das mais valiosas técnicas que podem ser utilizadas para o trabalho em sala de aula com tecnologia, personalização de ensino e desenvolvimento de autonomia do aluno. Os modelos didáticos propostos por esse método têm se mostrado eficientes em uma enorme variedade de cenários na educação brasileira e confirmam que podemos alcançar formas mais ativas e envolventes de aprendizagem, utilizando recursos digitais mais atraentes para os alunos e mais alinhados com as formas como um nova geração de estudantes dialoga com o mundo.
Novos projetos
Eric está no último semestre do Mestrado Profissional em Ensino de História pela Universidade Federal Fluminense (RJ). Toda a experiência no curso e a orientação, que irão resultar no produto final e dissertação, estão vinculados à experiência do uso da tecnologia e do Ensino Híbrido no Ensino de História na educação básica.