Pe. Giuseppe Miele é um missionário salesiano ativo há mais de 30 anos em Madagascar. Encontra-se atualmente em Fianarantsoa como diretor da casa de formação para jovens salesianos. É de ali que nos fala da realidade da obra e de alguns frutos da obra salesiana entre os jovens mais carentes daquela cidade.
A obra de Fianarantsoa é um quebra-cabeça de atividades e intervenções que tornam completo o rosto de Dom Bosco nesta cidade e região de Madagascar: da formação dos jovens irmãos à paróquia, ao oratório com tantas iniciativas para crianças e jovens mais pobres deste bairro de periferia. Ali se amontoaram milhares de famílias que fugiram dos campos arrasados por bandidos (que não só roubam, mas também matam), para perseguir o ‘sonho’ de encontrar na cidade uma vida menos dura; contudo, viram-se mais pobres e desorientadas do que antes, sem casa, trabalho, escola, assistência social e médica..
Temos, para estas famílias e para as crianças, atividades de alfabetização, inserção nas escolas públicas, programas para meninos de rua, jovens-mães, famílias arruinadas… Oferecemos todos os dias 350 refeições às crianças dos nossos programas. Encontrei bem organizadas e eficientes as atividades que iniciamos há vinte anos para dar resposta às necessidades dos jovens.
O que não se conseguiu garantir foi a cobertura econômica dessas atividades. Às vezes, nos perguntamos se não seria mais prudente limitar ou até mesmo interromper algumas atividades. Não o fizemos e… nunca o faremos. Devo dizer-lhes, com muita gratidão à Providência, que há vinte anos temos conseguido manter a fé em nosso trabalho por estes jovens apesar de as caixas estarem sempre vazias. É um grande esforço, mas é também belo e estimulante buscar e encontrar sempre novas e diversas fontes para ajudar estes jovens.
Há alguns dias, um ex-menino de rua veio encontrar-nos; recebido pelo nosso oratório e inserido no centro de formação para o trabalho, agora ele trabalha como operário numa grande empresa de Antananarivo. Anteriormente, apresentaram-se também vários jovens que eu acompanhava há cerca de vinte anos: um deles me disse ter iniciado uma pequena empresa de construção, outro, uma pequena sociedade para perfurar poços; ambos diziam: “sem o oratório Dom Bosco certamente não teríamos chegado até aí”.
Estes resultados cancelam todos os cansaços e sacrifícios.