João Bosco finalmente chega à cidade de Chieri para continuar os seus estudos. Depois de várias idas e vindas, quer tentar trilhar um caminho mais sério com os seus estudos, sem interrupções ou atropelos.
Para alguém que sempre morou no campo e apenas havia conhecido um pequeno povoado próximo de sua casa, Chieri – com seus 9000 habitantes – causou grande impressão para João.
Conseguiu pensão na casa de uma viúva chamada Lúcia Matta, conterrânea da família Bosco. Esta tinha um filho (único, por sinal) que também estava estudando por ali. Mudou-se para a cidade justamente para acompanhar e assistir o menino.
Mamãe Margarida apareceu alguns dias depois da chegada de João. Quis ela mesma apresentar seu filho à Sra. Matta e lhe trazer um carrinho com dois sacos de trigo. Era tudo o que ela podia dar.
Nas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales”, Dom Bosco recorda que a primeira pessoa que conheceu em Chieri foi o Pe. Plácido Valimberti. Conta que este sacerdote lhe deu bons conselhos para que ficasse longe dos perigos; o convidava para ajudar na missa e o levou pessoalmente ao prefeito das escolas (responsável pela observância da ordem nas instituições educativas da cidade), além de apresentá-lo aos professores.
Com os estudos que já havia feito, Joãozinho conseguiu ser matriculado no sexto ano. É difícil comparar a classificação das escolas do norte da Itália daquela época com a classificação que usamos hoje. Mas para que tenhamos uma ideia aproximada do que João precisou passar, ele, com 16 anos, precisou estudar no início do curso com meninos de 9 a 10 anos. Isso com certeza causava desconforto para João e algumas brincadeiras por parte dos seus colegas.
Seu primeiro professor foi o Pe. Valeriano Pugnetti. Muito caridoso, atendia Joãozinho na escola, convidava-o para ir à sua casa e compadecido com a sua idade e bondade, fazia tudo o que podia para ajudar.
Como tirava sempre o primeiro lugar em sua classe, abriram uma exceção para João: ele poderia prestar um exame para tentar passar para a quinta classe (a contagem das classes era decrescente), algo que normalmente só poderia ser feito no final do ano.
Na outra classe encontrou seu amigo Pe. Valimberti. Passados outros dois meses, por ser sempre o primeiro da turma, de novo lhe foi concedido o exame de aprovação de classe. Tendo passado, foi promovido para a quarta classe.
Ali, encontrou um professor um pouco mais severo: o Pe. José Cima. Quando viu João Bosco, alto e encorpado como ele, entrando em sua sala de aula, disse brincando na frente de todos os outros alunos:
– Aí está uma enorme toupeira ou um grande talento. O que acha?
Meio atordoado com esta “recepção”, João Bosco respondeu:
– Um pouco dos dois. Sou um pobre rapaz que tem boa vontade para cumprir o seu dever e progredir nos estudos.
Estas palavras agradaram o exigente professor, que respondeu:
– Se você tem boa vontade, caiu em boas mãos; não lhe deixarei sem trabalho. Anime-se, e se encontrar alguma dificuldade, diga que eu o ajudarei.
Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
Animador das dimensões Vocacional, Missionária e de Evangelização e Catequese da Pastoral Juvenil Salesiana
E-mail: [email protected] / Facebook: www.facebook.com/glaucosdb
ESPAÇO VALCOCCO – CAPÍTULOS
Capítulo 1: Espaço Valdocco: somos Dom Bosco que caminha
Capítulo 2: Um começo de vida marcado pela pobreza e por uma fatalidade
Capítulo 3: Uma mãe corajosa, amorosa e cheia de fé
Capítulo 4: Antônio, José e João: três irmãos muito diferentes
Capítulo 5: O início dos estudos de João Bosco e o começo dos conflitos familiares
Capítulo 6: Um sonho que ficou gravado profundamente na mente
Capítulo 7: Um sonho que é memória e profecia
Capítulo 8: Um sonho que envia um pastor para os jovens
Capítulo 9: Um saltimbanco de Deus
Capítulo 10: Deus tomou posse do teu coração
Capítulo 11: A fúria de Antônio
Capítulo 12: Um lugar com a família Moglia
Capítulo 13: Uma experiência rica de família e trabalho
Capítulo 14: Um tempo para aprender a falar com Deus
Capítulo 15: Um amigo inesperado
Capítulo 16: Um pai para Joãozinho Bosco
Capítulo 17: Um desastre que desfalece as esperanças
Capítulo 18: “O vaqueiro dos Becchi” retorna para a escola
Capítulo 19: Mais dificuldades na escola de Castelnuovo
Capítulo 20: Um amigo para toda a vida
Capítulo 21: “Se eu for sacerdote, serei muito diferente”
Capítulo 22: Férias em Sussambrino
Capítulo 23: O sacrifício de pedir ajuda
Capítulo 24: Chieri, uma cidade repleta de história, piedade e estudos
Capítulo 25: O início dos estudos em Chieri
Capítulo 26: Uma memória extraordinária
Capítulo 27: O cuidado de João em escolher suas amizades
Capítulo 28: A Sociedade da Alegria: uma maneira de evangelizar os colegas
Capítulo 29: O cultivo da espiritualidade na Sociedade da Alegria
Capítulo 30: João Bosco, filho de Maria Santíssima e testemunho da santidade para os seus colegas
Capítulo 31: O ano escolar de 1832-1833: a crisma de João Bosco e a ordenação do Pe. Cafasso
Capítulo 32: O amigo Luís Comollo
Capítulo 33: Um trabalho exigente no Café Pianta
Capítulo 34: Uma presença que causava admiração e fazia a diferença
Capítulo 35: A amizade e a conversão do judeu Jonas
Capítulo 36: Um jovem com muitos talentos e habilidades
Capítulo 37: Crise vocacional de João Bosco e a decisão de fazer-se franciscano
Capítulo 38: “Deus te prepara outro lugar, outra messe”
Capítulo 39: O Pe. Cinzano, instrumento da providência divina no caminho vocacional de João Bosco
Capítulo 40: O dia em que João Bosco recebeu a batina
Capítulo 41: E João finalmente entra no seminário