A terça-feira, dia 19 de setembro, segundo dia do 4º Congresso de Educação Social e Gestão do Terceiro Setor, teve início com a palestra “30 Anos de Preparação Para o Mundo do Trabalho na Assistência Social da Cidade de São Paulo”. A condução ficou a cargo da jornalista Ana Dalla Pria, enquanto o tópico foi discutido por Andreia Alves, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura, e Rosana Ferraioulo, Assistente Social e Especialista em ESG, Gestão de Pessoas e Educação Corporativa.
“O CEDESP, ao celebrar três décadas de existência, representa um marco histórico, repleto de lutas e conquistas. Alcançar os 30 anos simboliza a transição para uma fase de maturidade, na qual, essa política pública não deve ser relegada à margem, mas sim ser posicionada no centro da política de assistência”, enfatizou Andreia Alves.
Caminhos para a Paz
Na primeira palestra magna do dia, Gabriel Chalita, Doutor em Comunicação e Semiótica, e Mestre em Sociologia Política e Filosofia do Direito, explorou os caminhos em direção à justiça social e à criação de uma cultura e estado de paz. Em sua apresentação, abordou questões de diversidade, inclusão, políticas públicas e religião. Ao citar Freud, Chalita destacou que “nós, seres humanos, possuímos o poder de causar dor em outros seres humanos”. Ele ressaltou que, ao testemunhar pessoas sem abrigo nas ruas ou se deslocando para outros países em busca de sobrevivência, frequentemente nos distanciamos do problema e não o encaramos como algo que nos diz respeito.
“Estamos adotando uma visão equivocada. Estamos transformando a sociedade em um ambiente competitivo, onde há vencedores e perdedores. Eu acredito que, como Dom Bosco afirmava, se as pessoas se sentissem amadas e soubessem que são amadas, seriam completamente diferentes”, sublinhou durante sua palestra.
Gabriel Chalita também relembrou seu período como secretário municipal e estadual de educação. Ele reconheceu que seu maior desafio foi quando teve contato com a Fundação Casa, antiga FEBEM. “Eu tinha a consciência e a convicção de que a afirmação de Dom Bosco estava correta. Se eles se sentissem amados, eles se tornariam pessoas diferentes”, concluiu.
Paz, Sustentabilidade e Justiça Social
Mediada pelo Jornalista, Pesquisador e Especialista em Tendências da Comunicação Digital, Eduardo Agualuz, a Mesa “Sobre o ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes” iniciou o debate com o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, falando sobre a necessidade de discutir e planejar estrategicamente os objetivos para a melhoria da sociedade.
Ele sublinhou a importância de apoiar iniciativas de proteção social, bem como de fornecer qualificação para o emprego e o empreendedorismo. O ministro ressaltou que, por meio de um planejamento eficaz, é possível estabelecer e alcançar metas para um mundo mais pacífico, próspero e socialmente equitativo.
Espaço para Ideias
No site do Governo Federal, na página do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a Assessoria de Comunicação do MDS destacou a visita e a participação do Ministro Wellington Dias, reforçando a disposição para o apoio a iniciativas e projetos sociais. “Primeiro, estou aqui para conhecer e aprender. Segundo, para dar as mãos. Estou disponível para parceria com as várias entidades para apoiar o trabalho na proteção social e na qualificação voltada para o emprego e o empreendedorismo”, frisou o ministro. “Vamos trabalhar juntos por um Brasil sem fome”, completou.
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Fotos: Roberta Aline/MDS
Em continuidade à discussão sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, Edson Silva, Coordenador da Secretaria de Assistência Social do Estado de São Paulo, compartilhou informações sobre os projetos governamentais voltados para a consecução dessas metas até 2030. Entre eles, destacou-se o programa de capacitação em nível estadual e o suporte especializado para crianças e adolescentes vítimas de violência. “Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principalmente o ODS 16, não é responsabilidade de uma única pasta. É um trabalho que envolve todas as demais pastas de um governo.”
a sua participação no 4º Congresso de Educação Social e Gestão do Terceiro Setor.
O Secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da Cidade de São Paulo, Carlos Bezerra, também contribuiu para a Mesa, ressaltando os projetos implementados pela Prefeitura de São Paulo. Ele enfatizou o Programa Reencontro, especialmente projetado para atender às necessidades das pessoas em situação de rua, que oferece moradias populares para famílias com crianças, juntamente a programas de qualificação profissional à promoção da autonomia. O secretário expressou sua esperança de que, até o término de sua gestão, sejam disponibilizadas quatro mil vagas nesse contexto. “São Paulo tem a tradição de receber pessoas do mundo todo. É uma das únicas cidades do mundo que tem cinco equipamentos específicos para acolhimento de pessoas de outras nacionalidades”.
Mário Sérgio de Moraes, Doutor em História e Conselheiro do Instituto Vladimir Herzog, destacou a dignidade e o quão querido é o nosso Diretor-Presidente e Fundador da Obra Social Dom Bosco de Itaquera, o Padre Rosalvino Morán Viñayo, ao associá-lo, carinhosamente, à figura do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, o 5º arcebispo e 3º cardeal da arquidiocese de São Paulo, e expoente na luta pelos direitos humanos. O professor enalteceu ainda às bases e pilares que sustentam a paz e o Estado Democrático de Direito, e nos lembrou dos desafios na construção de uma sociedade brasileira mais justa, uma vez que, historicamente, nossa trajetória quanto povo é marcada pela pesada herança do escravagismo. “Não existe sociedade com uma herança tão pesada quanto a nossa. É história. Ela não passou. Ela está passando e não podemos aceitar a desigualdade do racismo da forma como ela está embutida”, concluiu.
a sua participação na Mesa “Sobre o ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes”, no 4º Congresso de
Educação Social e Gestão do Terceiro Setor.
A Coordenadora Educacional do Instituto Vladimir Herzog, Neide Nogueira, sublinhou a importância da educação em direitos humanos como meio de desmistificar a percepção teórica ou abstrata desse tema. Ela argumentou que cabe aos educadores preparar as novas gerações para compreenderem e valorizarem esses direitos e princípios democráticos por meio da vivência e da prática. “Quando falamos de transformação, precisamos trabalhar para engajar o movimento pela educação, pela legitimação dos valores democráticos. Isso não fazemos com aula teórica expositiva. As crianças e os adolescentes só aprendem valores vivendo.”
Encerrando as apresentações da manhã, a Doutora em Meio Ambiente e Diretora Executiva do FICAS, Andreia Saul, discutiu o papel vital das organizações da sociedade civil, que, segundo o IPEA, contribuem com 4,27% do PIB. Ela ressaltou a importância dessas organizações no desenvolvimento da sociedade, especialmente onde a presença do governo ou das empresas é limitada, e concluiu enfatizando a necessidade de investimento conjunto do poder público e das empresas nas organizações da sociedade civil, pois as políticas públicas só podem ser efetivamente construídas em parceria com uma sociedade civil fortalecida e organizada. “Nós, o poder público e as empresas, precisamos investir nas organizações da sociedade civil. Política pública não se constrói sozinho; se constrói com a sociedade civil organizada e fortalecida.”
Salas Temáticas
No período da tarde, aconteceram mais 23 palestras, no segundo dia de salas temáticas, abrangendo temas como a Inclusão Social e Gestão do Terceiro Setor, Erradicação da Pobreza, Fome Zero e Agricultura Sustentável, Redução das Desigualdades, Saúde e Meio Ambiente, Água Potável e Saneamento, Cidades e Comunidades Sustentáveis, Ação Contra a Mudança Global do Clima, Vida na Água e Vida Terrestre.
Uma das explanações tratou da “Gestão do Terceiro Setor na perspectiva do município de São Paulo”, ministrada pela Secretária de Gestão da Cidade de São Paulo, Marcela Arruda, com a apresentação de experiências relevantes de parcerias entre a administração pública e as entidades do terceiro setor, com destaque para aspectos estratégicos.
Por Ana Laet, com apoio da Comunicação OSDB/Itaquera
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