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27/04/2018A Caritas Internacional promove, de 17 a 24 de junho próximo, a “Semana de Ação Global” para fortalecer a campanha “Share the Journey” sobre o compartilhar o caminho dos migrantes.
A campanha “Share the Journey” foi lançada pelo organismo junto com o Papa Francisco em 27 de setembro do ano passado. O objetivo da iniciativa é encorajar as comunidades locais, começando das paróquias, a fim de reforçar a “cultura do encontro”, compartilhando um almoço com migrantes e refugiados, e promovendo iniciativas concretas de solidariedade.
O presidente da Caritas Internacional, Cardeal Luis Antonio Tagle, Arcebispo de Manila, sublinha a importância dessa campanha na entrevista ao Vatican News, falando também sobre a experiência de migração em sua família.
Por que para a Caritas Internacional e o Papa Francisco é tão importante acolher os migrantes?
Cardeal Tagle: “O fenômeno da migração humana não é novo, mas em nosso tempo contemporâneo é um fenômeno dramático pelo número de migrantes forçados e refugiados. O Papa Francisco e a Caritas Internacional têm este programa por dois motivos. O primeiro é humanitário. Sim, a migração é um fenômeno, uma ideia, um conceito, mas na base está o fato de que os migrantes são pessoas! Para dar um rosto humano a um fenômeno, a um conceito, devemos acolher os migrantes. O segundo motivo é a fé. Na Bíblia, o Povo de Israel era formado por refugiados, migrantes no Egito. O Senhor cuidou desse povo pobre e o guiou para a liberdade, e Jesus Cristo identificou-se com os estrangeiros, com os migrantes.”
Como está indo a Share the journey? Quais são as suas esperanças para essa campanha, e também para a Semana de Ação Global, em junho?
Cardeal Tagle: “Share the Journey, Compartilhe a viagem, é um projeto internacional da Caritas. Estamos felizes que o Santo Padre tenha inaugurado o programa no ano passado. Estou feliz de ver que em vários lugares do mundo, em vários países do mundo onde existem as Caritas locais, paroquiais, o programa segue adiante. O programa da Caritas animou as paróquias a acolher, proteger e integrar os migrantes. Esperamos a “Semana de Ação Global”, em junho, que será um momento não somente simbólico, mas efetivo. Por exemplo, em Manila, não haverá somente um almoço com os migrantes, mas também uma reunião com os estudantes provenientes de outros países. Nas universidades e nas escolas também há Share the Journey. Não podemos esquecer a nossa história comum com os migrantes. São meus irmãos e irmãs! ”
O que gostaria de dizer às pessoas que têm medo dos migrantes e aos governantes que levantam muros para deter a imigração?
Cardeal Tagle: “A primeira palavra é apreciar a complexidade do fenômeno da migração. Não é uma questão simples. A segunda palavra é encontrar os migrantes, os refugiados. Muitas vezes o medo da migração não há fundamento, porém a mentalidade muda quando as histórias humanas abrem os meus olhos para a minha história e eu me vejo nos outros! Deste modo, começamos a partilhar a mesma história, a viagem, juntos. A terceira palavra é memória. Todos nós, todos os países do mundo têm uma história de migração. O meu avô era um migrante da China para as Filipinas. Todos nós temos o sangue de um migrante! Não podemos esquecer esta história comum e ver em cada migrante um avô, uma avó. Não são estrangeiros: são meus irmãos e minhas irmãs.”
Cardeal Tagle, há três anos o senhor é presidente da Caritas Internacional. O que está lhe dando essa experiência? É feliz?
Cardeal Tagle: “Quando recebi a notícia da minha eleição, tive algumas hesitações. Não estava preparado, não me sentia capaz de governar uma Confederação internacional como a Caritas Internacional, porém, aceitei a nomeação, a eleição, na fé. Sinceramente gostaria de dizer que estes três anos foram um período de educação e formação para mim! Espero ter dado uma contribuição para a Confederação pelo menos em algumas coisas, porém, para mim a experiência mais significativa é a minha contínua formação e educação graças às pessoas da Caritas, os pobres, os sofredores que me deram lições de esperança e amor. Um amor que permanece em meio ao sofrimento e miséria. Sou um “aluno”, não presidente da Caritas!”
Por Vatican News