*Professora Carla Patrícia Gonçalves e Professor Victor Callari
Em mundo conectado, onde as informações circulam facilmente pelos mais variados meios de comunicação e redes sociais, é importante saber como transferir valores significativos aos adolescentes e jovens relacionados à política. Estamos em um ano de eleições presidenciais, em que as discussões crescem e muitas vezes geram conflitos por conta da ignorância e até mesmo extremismo político. É nesse momento que as famílias devem transmitir dentro de casa os valores éticos, princípio de coletividade e respeito.
A palavra “política” vem de polis e significa ”cidade”. Para os gregos, a cidade era um lugar seguro e ordenado e os políticos deveriam ser aqueles que cuidariam desse espaço. Talvez o caminho seja tentar transmitir uma política diferente da que se manifesta no nosso cotidiano.
Diante de uma sociedade cada vez mais politizada e preocupada com o futuro da nação, considerando os episódios de escândalos e a crise política e econômica do país. É preciso que a família e a escola estimulem nos jovens um senso crítico com boas bases para que ele desenvolva seu próprio conceito sobre a política, sem que haja interferências externas.
É comum, nesta fase de transição em que os adolescentes se tornam adultos, que surja o desejo de mudança, de querer um mundo melhor e de procurar entender o ambiente em que vivem. Por isso, os pais precisam orientar seus filhos para que eles entendam seu papel de atuação, sem incentivo partidário.
A escola nesse sentido, também tem um papel importante, mas não cabe a ela estimular a polarização política, ou seja, colocar o assunto numa questão competitiva de ideologias e sim, trazer ações que orientem seus alunos a construírem seus princípios políticos, sempre pautados num ideal de justiça e liberdade. Mostrar que muito mais que uma rotatividade de governos ou alternância de poder, esses princípios simbolizam o essencial da democracia e que o governo é dos cidadãos que, periodicamente é preenchido por um representante.
Já os professores devem ter muito cuidado para não influenciar seus alunos diretamente na escolha do candidato ou partido de sua preferência. A sala de aula deve ser um espaço aberto para diálogo, debate e discordâncias e os alunos devem se sentir à vontade para manifestar suas opiniões com respeito.
Por fim, os papeis da família e da escola quanto cidadãos é o de promover debates e leitura de diferentes vertentes ideológicas que são essenciais na promoção de um espaço escolar, que gere o direito à participação política e ao diálogo.
Votos e eleições são meios para que o pensamento do povo se realize, sendo assim, é necessário que os eleitores saibam pensar.
Política não é só políticos, é aprender a estabelecer relações coletivas para o bem-estar de todos. E não há espaço melhor para essa discussão do que a escola.
Victor Callari – Professor de História do Colégio Salesiano Santa Teresinha – Possui mestrado em História e Historiografia pela Universidade Federal de São Paulo (2016), na linha de pesquisa Política, Cultura e Saberes. É especialista em “História, Sociedade e Cultura” (2010) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Licenciatura em História (2007) pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas.
Carla Patrícia Gonçalves – Professora de Geografia e História do Colégio Salesiano Santa Teresinha – Formada em História e Geografia, 23 anos de magistério. Autora de livros direcionados a História da África e indígena. Especialista na interdisciplinaridade de História, Arte e Literatura.