O ano era 2000 e o que parecia ser um sonho despretensioso ganhou asas inimagináveis. Ainda estudante do curso de Pós-Graduação em Física de Plasmas pelo ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o professor dos cursos de Engenharia Elétrica, Eletrônica, Civil e Computação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Unidade Lorena, Marcelo Miacci, deu início a uma trajetória de pesquisa que só viria a ser consolidada 15 anos depois.
No último mês de agosto, ele e mais quatro pesquisadores (Mirabel Cerqueira Rezende, Marco Antônio Ferraz, Inácio Malmonge Martin e Evandro Luís Nohara, do Instituto de Aeronáutica e Espaço – IAE, Organização do COMAER subordinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial – DCTA) receberam o reconhecimento por um projeto denominado “Método de medida de seção reta radar de objetos refletores de ondas eletromagnéticas na faixa de 1 GHz a 100 GHz para caracterização eletromagnética de materiais absorvedores de radiação”.
O professor do UNISAL entrou com o pedido inicial de depósito de patente em 2001, que foi publicado em 2003. Somente este ano, a concessão de Carta Patente da tecnologia foi expedida pelo INPI- Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
Segundo o INPI, o direito de propriedade intelectual representa um papel vital na prosperidade econômica e social de um país e serve como uma força motivadora para que indivíduos criativos compartilhem sua genialidade com a sociedade.
Para Marcelo, a patente é sinônimo de vitória para o campo da pesquisa. “Foram anos de trabalho intenso, recorremos a informações de países como a França, Estados Unidos, Rússia e Inglaterra, no entanto, visto a natureza estratégica do projeto, não conseguimos informações relevantes que pudessem nos ajudar. A dificuldade nos incentivou a criarmos uma tecnologia própria para o Brasil”, revela o docente.
O grupo de pesquisadores sabe que pode ir além. A experiência vivenciada por eles serve de exemplo para alunos de graduação que querem seguir os mesmos passos. “Ficamos muito felizes e surpresos em saber deste reconhecimento, mais ainda em saber que poderemos contribuir para os estudos em nosso país”, destaca Marcelo.
O docente dos cursos de Engenharia do UNISAL também enfatiza o papel fundamental de apoio da Aeronáutica durante os anos de estudo.
O trabalho, avaliado em US$ 2 milhões, vai ajudar a indústria militar. Até então, esta tecnologia, ou seja, o reconhecimento em alta resolução de alvos especiais na mira de um radar, era utilizada principalmente nos Estados Unidos.
O reflexo do reconhecimento do trabalho vai além das salas de aula. “Quando demos entrada no pedido de patente, meu filho nem tinha nascido, hoje ele tem 11 anos. O fato de vencer esta etapa também devo a minha família, que sempre esteve comigo neste caminho. Que me suportou nos anos em que estive debruçado no projeto de pesquisa, em seguida, mestrado e doutorado nesta mesma linha. Agradeço e muito este empenho”, conclui Miacci.
Outras informações sobre o projeto, podem ser consultadas nos portais do Instituto de Fomento e Coordenação industrial e PatentesOnline.
Comunicação e Marketing – UNISAL