(ANS – Roma) – A poucos dias do importante evento “SDB Change Congress” (19-23 de setembro), que reunirá em Roma Ecônomos Inspetoriais e membros dos Escritórios de Planejamento e Desenvolvimento (PDO), das Procuradorias Missionárias e das ONGs salesianas, o Sr. Jean Paul Muller SDB, Ecônomo Geral da Congregação e promotor da iniciativa, explica, em detalhes, a origem e os objetivos do evento.
Já no título, o SDB Change Congress fala sobre “mudança”. Por que? O que precisa ser mudado?
A vida, em si, é uma transformação contínua, mas aqui queremos falar sobre as grandes mudanças que não podemos ignorar, porque têm influência direta em nossas vidas. Refiro-me à pandemia, à guerra, às grandes mudanças geopolíticas que estão ocorrendo… No campo econômico, o poder do dinheiro cresceu ainda mais; não apenas as moedas tradicionais, mas também as moedas digitais, bitcoins ou as formas utilizadas na “dark web”, que nem conhecemos.
Há também outras mudanças, que nos afetam ainda mais de perto como salesianos: nossa visão de “honesto cidadão”, hoje, é a do cidadão que dá a vida para combater as máfias ou que está comprometido com o respeito real dos Direitos Humanos. Tudo isso também demanda escolhas mais corajosas de nossa parte, um maior compromisso com a formação política e social e com a qualidade da educação.
O congresso abordará cinco eixos (Economia Sustentável, Espiritualidade e Liderança Salesiana, Inteligência Artificial, Comunicação do Futuro e Prevenção da Corrupção). Como estes foram selecionados? Algum deles é prioridade?
Pessoalmente, preocupo-me muito com o aspecto da espiritualidade de todos aqueles que trabalham para e com os jovens. No entanto, todos são temas importantes. No início havíamos identificado outros temas além destes, mas escolhemos estes, há quase três anos, pensando nos assuntos que podem ser mais relevantes para o público do evento, que é composto, em sua maioria, por Ecônomos. O meio ambiente, por exemplo, já foi identificado como um tema inevitável em todas as Inspetorias. A Inteligência Artificial e a Comunicação são áreas em constante evolução, com as quais não podemos deixar de nos confrontar. A ideia principal é que se trata de campos ainda abertos – gosto de usar a analogia “canteiros de obras” – de realidades das quais ainda não temos todas as respostas, ou onde temos as respostas, mas ainda não tivemos a coragem, a equipe ou os recursos para colocá-las em prática.
Em diversas ocasiões, o senhor disse que o SDB Change Congress já começou. De que forma?
Quando convocamos o congresso, há 14 meses, houve um clima de surpresa geral, porque este evento representa uma verdadeira novidade: é a primeira vez que reunimos todos os Ecônomos do mundo, até agora tínhamos tido apenas encontros regionais ou encontros de formação para novos Ecônomos. Além disso, os responsáveis pelas nossas ONGs salesianas também participarão do evento, contribuindo com suas experiências e conhecimentos. Nesse meio tempo, portanto, nasceu um diálogo bom, de qualidade, entre todos – Inspetorias, Procuradorias, ONGs, PDOs… Em seguida, começaram a chegar muitas propostas e contribuições, sobre os temas do congresso e outros, e começamos a fazer o que de fato é um dos objetivos do Congresso: compreender que somos uma grande rede, chamada a trabalhar globalmente em todos os níveis, na administração, na captação de recursos, nas avaliações…
Qual é a relação entre o SDB Change Congress (2022) e a conferência “Energy Forever” (2019), sobre energia verde, limpa e renovável?
Aquele evento deu um forte impulso à Congregação em relação a algumas questões das quais agora, apesar dos atrasos devido à Covid-19, já começamos a colher alguns resultados. Por exemplo, ele levou ao Capítulo Geral 28º o documento sobre energia e meio ambiente, que expõe claramente que esperamos atingir um nível muito baixo de emissões em toda a Congregação até 2032. Um dos frutos disso tudo é a reforma da Casa Generalícia: seremos a primeira Congregação a ter uma Casa Generalícia projetada para produzir o menor nível possível de emissões.
O percurso que se seguiu àquela conferência é o mesmo que pretendemos seguir depois do SDB Change Congress: um caminho de divulgação e estruturação daquilo que emergirá no congresso.
Quais serão os próximos passos do SDB Change Congress?
Ao término do Congresso, não diremos simplesmente: “Vão em paz”. Não teremos paz, porque há muito o que fazer. Os “canteiros de obras” que mencionei antes continuarão abertos. Ao regressar às suas Inspetorias, os Ecônomos precisarão continuar a melhorar a situação, elevar a qualidade do serviço administrativo, aumentar a transparência, combater a corrupção, sabendo que podem contar com os contatos e informações que serão partilhados no Congresso. Além disso, nos próximos anos realizaremos encontros regionais sobre os temas abordados e, ao final, será produzido um documento que englobará todas reflexões, para que possa ser discutido no próximo Capítulo Geral.
Minha esperança é que, com tudo isso, possamos trazer um certo espírito e também uma certa pressão para atualizar as estruturas da Congregação.
Concluindo: quase nos mesmos dias, em Assis, ocorrerá o evento “Economy of Francesco”, um encontro de jovens economistas e empresários chamados a repensar a economia de forma mais cristã e humana. Quais as convergências entre os dois eventos?
A coincidência dos dois eventos é fortuita, uma vez que ‘Economia de Francesco’ havia sido adiado por causa da pandemia. Mas fico feliz em ver que o Papa quis realizar uma ação semelhante à nossa: um fórum para discutir questões emergentes, apelar para as consciências e convidar as pessoas a participarem ativamente para mudar a vida em todo o planeta.
Tenho uma esperança enorme: que estes jovens economistas, que agora se reúnem em torno do Papa, ao atuarem em grandes empresas no futuro, possam semear os valores do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja.