Um pai para Joãozinho Bosco

Joãozinho Bosco passou um ano espetacular com o Pe. João Calosso! Um tempo de sua vida que irá lembrar pelo restos dos seus dias e sempre com muita emoção.

Ele simplesmente havia encontrado o padre que sempre havia sonhado: bom, simples, paterno e ao mesmo tempo alguém que possuía uma espiritualidade tão profunda que era sábio em suas orientações e firme nas suas atitudes.

De fato, Dom Bosco chegou a relatar que quando era criança ficava triste com a distância mantida pelos padres que encontrava. Se os cumprimentava na rua, a resposta era apenas um gesto discreto com o chapéu. Sentia muito não poder conversar com os sacerdotes, expor-lhe seus sentimentos, ser amigo deles.

Com o Pe. Calosso teve aulas de gramática italiana por três meses. Depois começou a estudar o latim. O caminho de ida e de volta da casa do Pe. Calosso serviam para estudar a matéria. Andava com os olhos no livro, buscando aprender as declinações do latim. Dedicou-se tanto que, chegada a Páscoa, já tinha aprendido todas as lições do livro.

Tudo ia bem até chegar a primavera. Antônio voltou a reclamar que só ele fazia o trabalho pesado da casa, enquanto Joãozinho perdia tempo estudando. As grandes discussões retornaram até que se decidiu, pela paz, que João iria bem cedinho estudar e depois empenharia o resto do dia aos trabalhos da casa.

Mas nem isso acabou com as brigas. Mesmo Joãozinho trabalhando com o máximo de esforço que podia, bastava vê-lo com um livro na mão que Antônio já se enfurecia. Certo dia arrancou um livro com violência das mãos de João e o atirou contra a parede, gritando: “Já te disse cem vezes que não quero ver você com livros! Você nasceu para ser lavrador como eu; põe isso na sua cabeça!”

Mamãe Margarida ficava cada vez mais aflita ao ver que esta tensão em casa não se resolvia. Joãozinho Bosco chorava. E o Pe. Calosso, informado de toda esta situação, chamou certo dia seu aluno e lhe disse:

– Joãozinho, puseste em mim tua confiança e não quero que isso seja inútil. Deixa, pois, esse irmão malvado, vem comigo e terás um pai amoroso.

O pequeno João saiu correndo para a sua casa, comunicar para a sua mãe o caridoso convite que havia recebido. Mamãe Margarida sente alegria e alívio. No mês de abril, João passa a ficar na casa de Pe. Calosso, voltando para os Becchi só a noitinha, para dormir.

O coração de Joãozinho Bosco também explodia de alegria. O Pe. Calosso se tornava a grande referência para ele. Um menino que, tendo perdido aos dois anos o seu pai, encontrava agora, doze anos depois, um modelo paterno seguro e próximo.

Por conta deste afeto, Dom Bosco narra nas suas memórias que para ele era um prazer trabalhar para o Pe. Calosso. Ele daria a vida por qualquer coisa que fosse do agrado de seu protetor. Sentia que fazia muito mais progresso passando um dia com o capelão do que em uma semana na sua casa.

Do lado do Pe. Calosso, o afeto era o mesmo. Tanto que chegou a dizer mais de uma vez para Joãozinho:

– Não te preocupes com o teu futuro. Enquanto eu estiver vivo, nada te faltará. Se morrer, haverei de providenciar da mesma forma.

Tudo ia muito bem para Joãozinho. Dava passos realmente concretos em direção à realização da sua vocação sacerdotal. Não havia mais nada que pudesse desejar.

Um desastre, no entanto, veio para interromper a felicidade de João. Não perca a continuação desta história na semana que vem.

Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
Animador das dimensões Vocacional, Missionária e de Evangelização e Catequese da Pastoral Juvenil Salesiana
E-mail: [email protected] / Facebook: www.facebook.com/glaucosdb

 

ESPAÇO VALCOCCO – CAPÍTULOS

Capítulo 1: Espaço Valdocco: somos Dom Bosco que caminha

Capítulo 2: Um começo de vida marcado pela pobreza e por uma fatalidade

Capítulo 3: Uma mãe corajosa, amorosa e cheia de fé

Capítulo 4: Antônio, José e João: três irmãos muito diferentes

Capítulo 5: O início dos estudos de João Bosco e o começo dos conflitos familiares

Capítulo 6: Um sonho que ficou gravado profundamente na mente

Capítulo 7: Um sonho que é memória e profecia

Capítulo 8: Um sonho que envia um pastor para os jovens

Capítulo 9: Um saltimbanco de Deus

Capítulo 10: Deus tomou posse do teu coração

Capítulo 11: A fúria de Antônio

Capítulo 12: Um lugar com a família Moglia

Capítulo 13: Uma experiência rica de família e trabalho

Capítulo 14: Um tempo para aprender a falar com Deus

Capítulo 15: Um amigo inesperado

Capítulo 16: Um pai para Joãozinho Bosco

Capítulo 17: Um desastre que desfalece as esperanças

Capítulo 18: “O vaqueiro dos Becchi” retorna para a escola

Capítulo 19: Mais dificuldades na escola de Castelnuovo

Capítulo 20: Um amigo para toda a vida

Capítulo 21: “Se eu for sacerdote, serei muito diferente”

Capítulo 22: Férias em Sussambrino

Capítulo 23: O sacrifício de pedir ajuda

Capítulo 24: Chieri, uma cidade repleta de história, piedade e estudos

Capítulo 25: O início dos estudos em Chieri

Capítulo 26: Uma memória extraordinária

Capítulo 27: O cuidado de João em escolher suas amizades

Capítulo 28: A Sociedade da Alegria: uma maneira de evangelizar os colegas

Capítulo 29: O cultivo da espiritualidade na Sociedade da Alegria

Capítulo 30: João Bosco, filho de Maria Santíssima e testemunho da santidade para os seus colegas

Capítulo 31: O ano escolar de 1832-1833: a crisma de João Bosco e a ordenação do Pe. Cafasso

Capítulo 32: O amigo Luís Comollo

Capítulo 33: Um trabalho exigente no Café Pianta

Capítulo 34: Uma presença que causava admiração e fazia a diferença

Capítulo 35: A amizade e a conversão do judeu Jonas

Capítulo 36: Um jovem com muitos talentos e habilidades

Capítulo 37: Crise vocacional de João Bosco e a decisão de fazer-se franciscano

Capítulo 38: “Deus te prepara outro lugar, outra messe”

Capítulo 39: O Pe. Cinzano, instrumento da providência divina no caminho vocacional de João Bosco

Capítulo 40: O dia em que João Bosco recebeu a batina

Capítulo 41: E finalmente João entra no seminário

Os Salesianos em SP

Nós, Salesianos de Dom Bosco, somos uma organização internacional de pessoas dedicadas em tempo integral ao serviço dos jovens, especialmente dos mais pobres e abandonados.

Em qualquer lugar trabalhamos o desenvolvimento integral dos jovens, através da educação e da evangelização que está no centro do nosso compromisso.

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