Padre Justo Ernesto Piccinini – Inspetor Salesiano
A realidade que vivemos pede de cada um de nós um posicionamento. E nem sempre é fácil se posicionar diante de certos assuntos e de certas atitudes dos irmãos, da sociedade em geral, dos poderes públicos e da própria imprensa. Mas é sempre certo de que todos nos preocupamos com os rumos da sociedade, com os posicionamentos de certas entidades e com os ensinamentos espalhados ao vento e que tanto desestruturam famílias, pessoas e a própria sociedade em geral. Às vezes, surgem certos donos da verdade e até exigem que todos pensem de acordo com os seus pensamentos, as suas colocações e posições referentes aos acontecimentos.
Ultimamente, fomos surpreendidos com atitudes de violência e morte em muitas escolas e em diversos países. O que será que passa pela mente das pessoas diante desses acontecimentos e diante dessas situações? Será que todos entendem o problema acontecido da mesma maneira? Muitas são as respostas e nem sempre teremos a mesma concordância em relação ao fato acontecido. Por que tudo isso acontece? O que falta nos corações das pessoas?
Eu mesmo passei pela experiência de escutar tantos pareceres e tomadas de posições por parte de muitas pessoas. Nem sempre é fácil de entender porque alguns pensam desta maneira e outros já analisam os fatos de forma bem diferente. Uns só condenam e nem pensam o que foi que levou tais indivíduos a tomarem essas atitudes. Outros já refletem que tantas atitudes tomadas hoje são reflexo de uma sociedade que se preocupa só com o ter e esquece de investir no ser. Outros ainda, refletem que o desprezo e a destruição da família gera consequências de uma sociedade desestruturada, causando esses tipos de atitudes em muitas pessoas. Quem poderá dizer o que verdadeiramente é, o que causa tais atitudes em certas pessoas? Penso que ninguém tem a resposta certa, mas que cada situação deve nos levar a refletir. Não sei se vamos encontrar respostas imediatas, mas que refletir e estudar os acontecimentos é importante. Não podemos permitir que já caia no esquecimento. Temos que conjuntamente buscar respostas.
São João Bosco, um grande pedagogo e educador, trabalhando sempre com a juventude, mostrou para o mundo que o jovem precisa ser amado e é necessário que se demonstre a ele, esse amor diariamente. Precisamos restaurar isso nas famílias. Aos filhos, precisamos demonstrar diariamente que os amamos, que gostamos deles, que acreditamos no seu potencial e nas suas capacidades de construir um mundo bom e diferente. Necessitamos desse trabalho junto às escolas e sobretudo junto das famílias. Se não cuidamos e educamos no amor às crianças, teremos a tristeza de enfrentar na vida a revolta e os desafetos do jovem de amanhã. É preciso refletir e tomarmos conjuntamente atitudes que importam tanto para a escola, para as famílias, para os poderes públicos e para toda a sociedade. É fácil dizer que não compete a mim. Esquivar-se dos problemas não é a solução. A mudança acontece quando geramos a participação e com certeza a participação gera a transformação. O que não podemos, é alimentar o isolamento. Quanto mais nos isolamos, mais nos enfraquecemos e damos força ao medo. O medo não permite a transformação, não gera vida e vida em abundância.
Não somos senhores da resposta para todas as coisas, mas podemos apresentar caminhos que nos unam e que apresentem alívio e soluções para uma sociedade que gera dor e sofrimento, que gera abandono a tristeza. As soluções aparecem quanto mais nos unimos e nos empenhamos para construir um mundo pautado pelo amor aos outros e pela doação da própria vida para fazer o outro feliz, para construir um mundo melhor.
Neste momento, onde o medo assola nossas crianças e seus familiares, nos unimos. Espalhemos amor, compreensão e coragem. O medo não pode nos impedir de seguir, de educar, de amar. Aos pais que perderam seus filhos, minha solidariedade.
Editoria: Ana Laet – Comunicação Social ISSP