Na quinta-feira, 4, o Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL, Unidade Americana, recebeu a Embaixadora Irene Vida Gala, no Campus Maria Auxiliadora.
Irene tem 39 anos de carreira e, atualmente, ocupa o cargo de subchefe do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores, em São Paulo. Já atuou em países africanos, no Consulado do Brasil em Roma e na Missão do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU).
Entre 2011 e 2017, Irene foi embaixadora em Gana e, desde janeiro de 2023, é presidente da Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras. Entre suas dezenas de publicações está o livro “Política Externa como Ação Afirmativa”, lançado em 2019, em que analisa o período do primeiro governo Lula, entre 2003 e 2006.
A embaixadora escolheu o UNISAL como instituição de ensino superior da cidade de Americana para que pudesse visitar e apresentar o projeto de parceria com as escolas públicas, para formação de jovens.
Em visita à cidade de Americana (SP), sua agenda foi voltada ao poder público, com reuniões pela manhã com o poder executivo e legislativo municipal. À tarde, a embaixadora visitou o Colégio Salesiano Dom Bosco e conversou com os alunos sobre sua trajetória e relevância para a história das mulheres na diplomacia brasileira.
Reflexões sobre as relações com países africanos
Em continuidade à sua visita diplomática, a embaixadora esteve no UNISAL para refletir com os alunos sobre as relações do Brasil com os países da África, com a palestra: “Relações com países africanos: as perspectivas e possibilidades”.
Recepcionada pelo Pe. Sérgio Augusto Baldin Júnior, Reitor do UNISAL, a embaixadora recebeu as boas-vindas e foi acolhida pelos alunos, professores e coordenadores de cursos do Campus Maria Auxiliadora. Ao longo de sua trajetória profissional, Irene especializou-se nas relações do Brasil com países do continente africano, bem como na temática de gênero nas relações internacionais.
A atual subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo também é conhecida como uma das vozes proeminentes na luta contra o racismo no Brasil e iniciou sua palestra falando sobre sua experiência e militância nesse debate. Ao iniciar a sua trajetória diplomática atuando em diversos países do continente africano, Irene contou que percebeu que não tinha como tratar das relações Brasil e África, que era sua área de estudo, sem pensar a questão racial: “A discussão racial é transversal na discussão política-brasileira. Infelizmente, muita gente não aceita isso e eu sou uma militante da causa em que, sim, a discussão racial tem de ser transversal”.
Ao final da fala da embaixadora, os alunos e professores interagiram com perguntas que ajudaram a aprofundar alguns pontos da reflexão abordados na palestra.
Visões e interpretações dos participantes
Eduardo Poltronieri, Eduardo Rufo e Giovanna Francisco, alunos do 1º semestre do Curso de Direito da Unidade Americana, estiveram presentes ao evento. É deles a percepção de que a fala da embaixadora propôs o debate sobre a África contemporânea e sua indispensabilidade, o racismo consubstanciado na concepção do corpo negro como diferente e o futuro do terceiro maior continente do planeta. Com esse propósito, a palestrante abordou, na avaliação dos estudantes, diversos temas históricos e geopolíticos que determinarão a África como o continente do amanhã e sua, ainda maior, relevância.
Para Giulia Rebeca, aluna do 3º semestre do Curso de Engenharia de Automação e Controle, da Unidade Americana, “quando relatado que o povo brasileiro tem uma visão de pobreza sobre a África, foi colocado em questão que a maioria da população tem a mesma visão sobre o negro no seu próprio país, visão essa totalmente estereotipada e preconceituosa, no Brasil”. A estudante acrescenta: “E quando temos o privilégio de ter uma pessoa como a Irene para explanar um assunto tão enriquecedor, como foi para nós que somos leigos, isso amplia nosso conhecimento, abrindo nossa mente para novas oportunidades”. De acordo com Giulia, a frase da palestrante que mais lhe despertou para a reflexão foi: “Nós não precisamos só saber o que o Brasil tem a oferecer para a África, mas o que ambos podem colaborar entre si para crescer econômica e socialmente”.
A palestra foi transmitida pelo YouTube Extensão UNISAL. Você pode acompanhar a gravação na íntegra neste link.
Texto: Renata Moraes, Assessoria de Imprensa do UNISAL.
Com informações de Robert do Nascimento, da Extensão Universitária da Unidade Americana.
Fotos: Leonardo Ribeiro, Técnico do Laboratório de Publicidade da Unidade Americana.