Apenas fora do estádio ‘Arena Corinthians’, em São Paulo (SP), onde há poucos dias iniciou-se oficialmente a Copa do Mundo de Futebol 2014, começa o humilde bairro de Itaquera. 500.000 os habitantes dentre os 20 milhões de habitantes da área metropolitana da capital paulista, uma dentre as mais populosas do mundo. “Aqui era tudo campo e favelas, quando cheguei, em 1981” – conta o Pe. Rosalvino Morán Viñayo, salesiano de origem espanhola, crescido desde aspirante no estado de São Paulo, aonde chegou emigrado, com os pais e seus numerosos irmãos.
Quando ele chegou a Itaquera, os senhores da droga que ali imperavam lhe apontarm um revólver no peito. Muitos outros antes dele receberam as mesmíssimas ameaças de morte e deixaram o lugar. Mas o Pe. Rosalvino não cedeu: “Disse-lhes que me deixassem trabalhar, porque faria com que os seus filhos tivessem um futuro”.
“Nós não mudaremos – responderam – porque somos traficantes. Entretanto o senhor poderá ajudar os nossos irmãos e os nossos filhos”. Foi nesses termos que lhe fizeram compreender que o teriam deixado trabalhar em paz.
Desde então, o salesiano, juntamente com os seus colaboradores, comandou a construção de laboratórios de formação profissional que a inspetoria salesiana planejara implantar: criou escolas de capoeira e ginástica rítmica, uma banda musical e um modernísimo centro de ‘projetação’ gráfica…
Enfim, uma vintena de cursos e programas em favor dos jovens e do povo de Itaquera, sem contar a paróquia, elo de toda a população.
Agora os filhos dos senhores da droga são grandes atletas, atores, musicistas, padeiros ou mecânicos; enquanto o ‘Centro Dom Bosco’, de Itaquera, é um exemplo de como se pode transformar o mundo através da educação.
O conjunto implantado dá assistência entre outros, a jovens ex-detentos em liberdade condicional e os prepara a reinserir-se na sociedade: um psicólogo, um advogado e um assistente social acompanham esse processo, que exige pelo menos sete meses de tempo, durante os quais os jovens ex-detentos se confrontam com os outros alunos da escola, entre os quais se encontram também meninos carentes e muitos jovens que, para frequentar as aulas, fazem cotidianamente um percurso de até 20 quilômetros.
O sucesso da proposta salesiana salta aos olhos apenas se transpõe o portão de ingresso do Centro. Centenas de jovens de diferentes idades saúdam o visitante, esparsos entre o refeitório(que prepara 7000 refeições por dia) e as várias aulas de informática, salão de beleza, oficinas de sapataria, eletrônica, corte e costura, educação física e musical… Que parece nunca mais terminar.
Há um motivo se o mesmo governo do país pediu o auxílio ao salesiano para contrastar a criminalidade, a fome e os problemas de dispersão escolar na cidade, e se a Prefeitura de São Paulo assinou um convênio no valor de 90.000 reais para manter as oficinas com os quais o Centro Salesiano ajuda a viver, a dar esperança e objetivos a mais de 12.000 jovens, que doutra forma teriam ido mui provavelmente parar nos braços da droga, do cárcere e da morte prematura…