Infelizmente, grande parte dos relatos de racismo se iniciam no contexto escolar, alguns se tornam públicos como os de Djamila Ribeiro e Bárbara Carini, grandes escritoras que revolucionaram a visão étnico-racial brasileira. Ao notar alguns eventos dentro da própria escola, envolvida em um contexto majoritariamente branco, com características de cunho racista, a equipe pedagógica decidiu agir e transformarem-se em uma escola antirracista!
Mas como?
A orientadora pedagógica do ensino fundamental II, Paula Parolin, relatou como foi pensado e desenvolvido esse projeto junto dos alunos e professores e também fez um convite para todos aqueles que desejam somar mãos e forças nesse projeto. Confira o relato dela:
Em primeiro lugar, voltamo-nos para a forma como a cultura e vivência negra eram realizadas em nossa escola, por isso foi enviada uma pesquisa para todos os professores e descobrimos que existiam ações voltadas para a questão desde o ensino infantil até o médio, surgiu a dúvida: o que está faltando então?
Por meio de uma análise mais aprofundada, percebemos que faltavam ações que visassem a representatividade, ou seja, que a cultura e história negra não fossem ensinadas como subserviência, mas sim como potência, beleza e emancipação.
Decidimos iniciar com os professores, através de uma apresentação e roda de conversa baseados nos conceitos de Bárbara Carini, Djamila Ribeiro, Silvio Almeida e Cida Bento, o objetivo era sensibilizá-los para o tema e solucionar as dúvidas que possuíam, além de pensar perspectivas sobre como trabalhar a representatividade negra em todas as disciplinas (sim, de matemática à filosofia, de biologia à língua portuguesa) e em todas as salas (das brincadeiras do infantil às discussões essenciais do médio).
Para quem quiser saber mais sobre esta ação, sugerimos a leitura do livro: história preta das coisas: 50 invenções técnico científicas de pessoas negras da escritora Bárbara Carini.
Sensibilização com os alunos
Depois, foi o momento de sensibilizar os alunos do Ensino Fundamental II, uma vez que essa etapa é essencial na construção da personalidade do ser humano. E conseguimos por meio da colaboração da coordenadora Jumara Biaggi, da orientadora Paula Parolin, do diretor de Pastoral Ir. César, da equipe de professores (em especial os de Conivência e Ética: Roberto Machado, Kelly Z. e Mirielly Carrara), construir com os alunos oficinas antirracistas coordenadas pela estagiária em psicologia social Maria Antonia Bonfante (vale pontuar que esta possui vasta experiência no Núcleo de Educação das Relações Étnico-Raciais do Unisal). A representatividade foi trabalhada nas oficinas levando em consideração a faixa-etária dos alunos.
Buscamos envolver toda a comunidade educativa, lançamos o convite para todas as equipes por meio do RH, pois para mudar uma cultura tão estrutural na sociedade é necessário o auxílio de todos!
E para coroar, na quinta-feira 16/11, foi realizada a palestra “Dia 20/11 não tem aula? Por quê?” Despertando a curiosidade e a compreensão deste feriado tão importante para a sociedade brasileira e difundindo a história do povo negro, com destaque para Zumbi e ao Quilombo dos Palmares.
Precisamos conhecer mais a história do povo brasileiro de forma integral para construirmos uma sociedade mais justa, solidária, sustentável e inclusiva. Temos um Projeto e gostaríamos de compartilhar com mais pessoas, para construirmos uma sociedade antirracista.
Matéria enviada pela equipe do colégio e escrita por Paula Parolin.
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