No dia 8 de junho celebramos a Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo do ano de 2023. Data móvel no calendário litúrgico, “Corpus Christi” é celebrado anualmente na primeira quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade, a qual, por sua vez, ocorre no domingo seguinte a Pentecostes.
Acredito que a maioria das pessoas que estão lendo este texto já conhecem, ainda que talvez não em todos os seus detalhes, a origem de “Corpus Christi”, instituído pelo Papa Urbano IV no ano de 1264, como consequência de um milagre eucarístico acontecido na cidade italiana de Bolsena, no ano anterior.
No presente texto, não discorreremos acerca dos fatos que se sucederam naquela pequena cidade localizada na região do Lácio, quase na fronteira com a Úmbria. De qualquer modo, recomendamos uma rápida pesquisa pela internet (em fontes católicas e confiáveis) àqueles que não conhecem a fundo a belíssima história desse milagre.
Destarte, falaremos aqui sobre o que de tão especial existe nessa grande festa (tecnicamente, “Solenidade”) da Igreja, a qual é, possivelmente, a “mais católica” de todas as datas do ano litúrgico.
Sim, Jesus Cristo, o pão vivo descido do céu (Jo 6, 51), instituiu e nos deixou a Eucaristia, para que a celebrássemos em memória dEle, enquanto este mundo existir (1Cor 11, 24-25).
Como sabemos, a Instituição da Eucaristia é celebrada anualmente na abertura do Tríduo Pascal, na Missa na Ceia do Senhor, popularmente conhecida como “Quinta-feira Santa”. Essa soleníssima celebração, porém, tem uma característica ímpar, afinal, a Missa que começa num tom festivo (embora sóbrio), termina no silêncio da captura e prisão do Senhor, dando início à Paixão que celebramos na tarde da sexta-feira.
Por sua vez, em “Corpus Christi”, do início ao fim da Solenidade, a Santíssima Eucaristia instituída por Jesus Cristo está no centro da celebração litúrgica.
Já durante o dia, numa tradição da devoção popular, a comunidade se reuniu para confeccionar os “tapetes” por onde a Hóstia Santa, no ostensório levado pelo Sacerdote, paramentado com seu véu umeral, passou mais tarde, relembrando a procissão que ocorreu entre as cidades italianas de Bolsena e Orvieto, logo após o milagre eucarístico acima mencionado. No caso da nossa Paróquia, nos reunimos cedo, a partir das 9h, para preparar o caminho que foi percorrido pelo Santíssimo à noite, ao final da Missa das 19h. E, não bastasse a graça de caminhar ao lado do Senhor, ainda recebemos dEle a benção solene no encerramento da celebração. De fato, nada em “Corpus Christi” é pequeno: tudo é enorme! Por isso, nesse dia, deve ser gravado na nossa mente e no nosso coração que, Deus eterno e infinito, criador e razão de nossas vidas, “passeou” conosco durante aquela procissão linda e solene, assim como passeou na brisa do dia no Jardim do Éden (Gn 3, 8). Porém, diferentemente de Adão e Eva, não precisamos nos esconder atrás dos arbustos. Embora manchados pela culpa do pecado original decorrente da desobediência de nossos primeiros pais, fomos resgatados pelo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, o mais alto dos preços com que a humanidade poderia ser redimida, e aos quais devemos toda a honra e toda glória, agora e para sempre.
Texto: Bruno, coordenador dos Ministros
Fotos: Pascom – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora