Como Fazemos?

 

Proposta Pedagógica

A concepção que mais se adequa à assistência social no que diz respeito à metodologia educativa é a mesma apresentada na Pedagogia Social, cujo principal expoente no Brasil é Paulo Freire, que vai da Pedagogia do Oprimido à Pedagogia da Libertação. A partir da concepção dialética da educação, entende-se a ceducação pensada na sua relação intrínseca com o trabalho, dentro de um contexto político e econômico injusto e excludente.

Paulo Freire dizia que “A educação não é a chave das transformações do mundo, mas sabemos que as mudanças do mundo são um quefazer educativo em si mesmas. Sabemos que a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa. Suas forças residem exatamente na sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço dos nossos sonhos.”

Maria Stela Graciani diz que “a Pedagogia Social instiga a capacidade de sonhar com uma realidade mais humana, menos feia e mais justa, pois é sabido que existem muitas injustiças e mudar o mundo é difícil, mas nada de humano existirá em nós se não tentássemos. (…) Portanto, a Pedagogia Social se propõe a: criar, inicialmente, uma teoria renovada da relação homem-sociedade-cultura, com uma ação pedagógica essencialmente libertadora, a partir do exercício em todos os níveis e modalidades da prática social; realizar-se no domínio específico da prática social com classes sociais populares, a partir de um trabalho político-educacional de libertação popular, com o intuito de ser conscientizadora com sujeitos, grupos e movimentos das camadas excluídas; concretizar-se como ação educativa com agentes e sujeitos comprometidos, na qual se estabelece, por meio da relação dialógica, um sistemático processo de intercâmbio de conhecimento e saberes em que a troca de experiência é primordial; orientar-se pela Pedagogia libertadora protagônica, baseada fundamentalmente na memória histórica, na identidade coletiva, na dinâmica cultural, na possibilidade entre a capacidade lógica de compreender os liames capitalistas e a valorização da participação comunitária, autoestima, autovalorização, autoconfiança e autodeterminação de sujeitos que tentam construir uma nova ordem social, econômica e cultural.(…) Em termos gerais, a Pedagogia Social visa o desenvolvimento humano com base no autoconhecimento, na autovalorização, no autoconceito, na autoconfiança, na autoprojeção, na autotelia, na autodeterminação, na autopreservação, na autorrealização, perpassando as seguintes dimensões: dimensão democrática, dimensão transformadora, dimensão participativa e dimensão solidária”. (Pedagogia Social, Editora Cortez, 2014, p. 20-23)

Dom Bosco, no século XIX, já convivia com a exclusão em plena Revolução Industrial e propôs uma pedagogia de inclusão e de diálogo, utilizando-se do ensino de uma profissão também como um meio para a obtenção dos objetivos propostos que em sua máxima tinha como meta “Formar honestos cidadãos”.

Assim, a metodologia que apresentamos afinada e aliada à Pedagogia Social, se dá por meio de um trabalho preventivo e educativo, junto à comunidade, pautada nos princípios de Dom Bosco, que se fundamenta no respeito e atendimento aos direitos inerentes a pessoa humana, na proteção integral, assegurando-se todas as oportunidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

O “Sistema Preventivo de Dom Bosco”, ou mais explicitamente, a Proposta Pedagógica de Dom Bosco, cresceu e progrediu nas muitas e variadas instituições e obras realizadas por seus colaboradores e seguidores.

O Sistema Preventivo é a criação mais original de Dom Bosco, nome e sobrenome da educação salesiana. Mas não é uma exclusividade. Outros educadores, antes e em concomitância com Dom Bosco, já haviam divisado a preventividade como fulcro da educação, mas Dom Bosco deu-lhe alma, pôs-lhe dentro algo seu.

Há uma estreita relação entre prevenção e educação. Prevenir não é somente evitar o mal, mas antecipar o bem: dois conceitos fundamentais em educação. O projeto socioeducativo tem com centro a pessoa, na singularidade de sua existência e quer ajudá-la a realizar o próprio projeto de vida. O sistema preventivo pode, portanto, ser definido como processo educativo baseado no diálogo.


A pedagogia salesiana é a escolha racional de um amor de privilégio, guiado pelo princípio da maior necessidade humana que é o amor: dar o máximo àqueles que da natureza e da circunstancia conseguiram o mínimo. Dom Bosco “não quer bem para educar, mas educa porque quer bem”. E, no querer bem e no querer educar, parte da razão e da religião. Daí os três pilares do Sistema Preventivo: amor, razão e religião.

AMOR (bondade, amizade e amabilidade): assegura a plenitude de expansão vital, a capacidade de resposta ao afeto. O amor impregnado de discernimento e compreensão humana, de ternura paterna e fraterna, faz com que o educador viva a vida dos educandos. Família (ambiente de família) e alegria são os dois postulados dessa pedagogia do amor, que não existe em concreto, sem um ambiente e um clima de família, de confiança cordial e afetuosa.

RAZÃO: relacionamento interpessoal, ilumina a compreensão dos fatos da existência, dos fundamentos das exigências morais. Com a razão Dom Bosco completa o amor com a compreensão profunda e concreta das necessidades, das exigências, das expectativas das pessoas e o transforma em programas completos e, ao mesmo tempo, concretos de vida.

ESPIRITUALIDADE: horizontes humanos e divinos de amplitude sem confins; forma o educando para o convívio humano e social e para o seu destino transcendente, respeitando-se a diversidade de religiões e crenças. A espiritualidade é a atitude que alicerça a vida conscientemente vivida, na relação com o transcendente, tornando-se força propulsora para a ação.

Esta Proposta é um estilo de educação, feito de ação e reflexão que pretende desenvolver no educando o protagonismo e o seu sentido de pertença à comunidade educativa. Caracteriza-se:

     

      • Pela vontade de os educadores estarem entre os educandos partilhando a sua vida, olhando com simpatia para o seu mundo, atentos às suas verdadeiras exigências e valores;

      • Pelo acolhimento incondicional, força promocional e capacidade incansável de diálogo;

      • Pelo critério preventivo que crê na força do bem presente em cada educando e procura desenvolvê-la mediante experiências positivas;

      • Por um ambiente positivo tecido de relações interpessoais, vivificado pela presença amorosa, solidária, animadora e ativadora dos educadores e do protagonismo dos próprios jovens;

      • Por um estilo de animação, que crê nos recursos positivos do jovem.

    Os educadores devem estar presentes no meio dos educandos, em seus grupos e atividades. Há, para a realização de nossa missão, a necessidade de um trabalho intenso de conscientização das famílias, onde procuramos desenvolver nos educandos e familiares uma consciência mais crítica dos fatos ocorridos.

    Os educadores participam do planejamento, execução e avaliação das atividades pedagógicas, procuram incentivar a participação dos educandos e familiares de forma espontânea, criativa e democrática. Os educandos exercem, assim, sua condição de parceiros e coautores no desenvolvimento do trabalho social, assegurando a prática coletiva de exercício de cidadania.

    Assim sendo, os objetivos propostos são plenamente alcançados, por meio do envolvimento e compromisso de todos os colaboradores, norteando ações para atingir as metas propostas.

    A ação da Obra Social Dom Bosco e da Associação Beneficente Bom Pastor são ininterruptas, sendo que nos finais de semana e nas férias escolares do mês de janeiro, desenvolvemos propostas criativas, buscando maior participação da comunidade, abrindo a possibilidade para que outros jovens e adultos que não estão inseridos na instituição possam também usufruir dos espaços e atividades planejadas.

    Dessa forma, há um trabalho preventivo e educativo, junto à comunidade, pautado nos princípios de Dom Bosco que se fundamenta no respeito e atendimento aos direitos inerentes à pessoa humana, na proteção integral, assegurando-se todas as oportunidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

    Esse trabalho representa o respeito às relações humanitárias, acredita na promoção do jovem, do adulto e da família como um todo. Visa à formação social e o desenvolvimento das aptidões culturais, profissionais, artísticas, esportivas e de meio ambiente. Além de estar em plena sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).

    A divisão do trabalho pedagógico está organizada para colaborar no desenvolvimento humano, social, político e técnico do educando. O currículo é pensado como instrumentação para o exercício da cidadania democrática. Nessa perspectiva, contempla conteúdos e estratégias de aprendizagem que capacitam o ser humano para a vida em sociedade, para a atividade produtiva e para a experiência subjetiva.

    Nesse contexto, fica claro que o educando não aprende somente na instituição, mas também fora dela. Como a aprendizagem não acontece da mesma forma e no mesmo ritmo para todos os educandos, a instituição tem o papel fundamental de respeitar essa diversidade e buscar mecanismos que favoreçam a inclusão de todos no processo de aprendizagem, de formas variadas e em tempos diferentes.