Artemide Zatti será proclamado santo no próximo dia 9 de outubro

Beatificado por São João Paulo II em 14 de abril de 2002, o Beato Artemide Zatti foi o primeiro coadjutor salesiano não-mártir a ser elevado às honras dos altares.

Por ocasião do Consistório Público Ordinário realizado na Basílica de São Pedro, no sábado 27 de agosto de 2022, para a Canonização de Beatos:

– Giovanni Battista Scalabrini, Bispo de Piacenza, fundador da Congregação dos Missionários de São Carlos e da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo;

– Artemide Zatti, coadjutor leigo da Sociedade Salesiana de São João Bosco (Salesianos).

O Santo Padre Francisco decidiu que o Rito da Canonização dos dois Beatos será celebrado no domingo 9 de outubro de 2022.

SOBRE ARTEMIDE ZATTI

Artemide Zatti nasceu em Boretto (Reggio Emilia) em 12 de outubro de 1880. Experimentou a dureza do sacrifício desde cedo, tanto que aos nove anos de idade já trabalhava no campo. Forçados pela pobreza, a família Zatti, no início de 1897 (Artemide tinha então 17 anos de idade), emigrou para a Argentina e se estabeleceu em Bahía Blanca.

O jovem Artemide começou imediatamente a trabalhar, primeiro em um hotel e depois em uma fábrica de tijolos. Ele começou a frequentar a paróquia dirigida pelos Salesianos. Naquela época, o pároco era o salesiano P. Carlo Cavalli, um homem piedoso de extraordinária bondade. Artemide encontrou nele seu diretor espiritual e o pároco encontrou em Artemide um excelente colaborador. Não demorou muito para que ele se decidisse pela vida salesiana. Zatti tinha 20 anos de idade quando partiu para o aspirantado em Bernal. Foram anos muito difíceis para Artemide, que estava à frente de seus companheiros em idade, mas atrás deles em termos dos poucos estudos que havia feito. Ele superou todas as dificuldades, graças à sua tenaz vontade, inteligência aguçada e sólida piedade.

Enquanto cuidava de um jovem padre tuberculoso, ele infelizmente contraiu a doença. O interesse paternal do Padre Cavalli – que o seguiu de longe – fez com que a Casa Salesiana de Viedma o acolhesse, onde havia um clima mais adequado e sobretudo um hospital missionário com um bom enfermeiro salesiano que na prática atuava como ‘médico’: o Padre Evasio Garrone, que percebeu imediatamente o grave estado de saúde do jovem e ao mesmo tempo sentiu suas virtudes incomuns. Ele convidou Artemide a rezar a Maria Auxiliadora para obter a cura, mas também sugeriu fazer uma promessa: “Se Ela te curar, você dedicará toda sua vida a essas pessoas doentes”. Zatti fez esta promessa de bom grado e foi misteriosamente curado. Ele aceitou com humildade e docilidade o sofrimento de renunciar ao seu sacerdócio (por causa da doença que ela havia contraído). E nunca se ouviu um lamento por este objetivo não alcançado sair de sua boca.

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Artemide Zatti fez sua Primeira Profissão como irmão leigo em 11 de janeiro de 1908 e sua Profissão Perpétua em 18 de fevereiro de 1911. De acordo com sua promessa a Nossa Senhora, ele se dedicou de forma imediata e totalmente ao hospital, cuidando inicialmente da farmácia adjacente após ter obtido o título de “farmaceutico”. Quando o Padre Garrone morreu em 1913, toda a responsabilidade pelo hospital recaiu sobre seus ombros. De fato, ele se tornou o vice-diretor, administrador, enfermeiro especialista, estimado por todos os doentes e pelos próprios médicos, que gradualmente lhe deram cada vez mais liberdade de ação. Ao longo de sua vida, o hospital foi o lugar onde ele exerceu suas virtudes, dia após dia, em um grau heróico.

Seu serviço não se limitou ao hospital, mas se estendeu a toda a cidade, ou melhor, às duas cidades às margens do rio Negro: Viedma e Patagones. Ele costumava sair com seu jaleco branco e sua bolsa com os remédios mais comuns. De um lado tinha a mão no guidão e do outro o rosário. Ele dirigia as famílias pobres, mas também era chamado pelos ricos. Em caso de necessidade, ele se movia a todas as horas do dia e da noite, independentemente do tempo. Ele não ficou somente no centro da cidade, mas também foi para os barracos dos subúrbios. Ele fez tudo de graça e, se recebeu alguma coisa, direcionava para o hospital.

Zatti amava seus doentes de uma forma verdadeiramente comovente, ele via o próprio Jesus neles. Artemide sempre foi cuidadoso com os médicos e com os dirigentes dos hospitais. Mas a situação nem sempre foi fácil, tanto por causa do caráter de alguns deles como por causa das discordâncias que poderiam surgir entre os gerentes legais e aquele que de fato era um deles. No entanto, ele foi capaz de conquistá-los com seu equilíbrio e conseguiu resolver até as situações mais delicadas. Somente um profundo autodomínio poderia permitir que ele triunfasse sobre o incômodo e a fácil irregularidade do horário.

Ele deu um testemunho edificante de fidelidade à vida comum. Surpreendeu a todos como este santo religioso, tão ocupado com seus muitos compromissos no hospital, e ao mesmo tempo representante exemplar da regularidade. Foi ele quem tocou a campainha, foi ele quem precedeu todos os outros irmãos em nomeações comunitárias. Fiel ao espírito salesiano e ao lema – ‘trabalho e temperança’ – deixado por Dom Bosco a seus filhos, ele exerceu sua prodigiosa atividade com habitual prontidão de espírito, com espírito de sacrifício especialmente durante o serviço noturno, com absoluto desapego de qualquer satisfação pessoal, nunca tirando férias ou descansando. Como bom salesiano, ele soube fazer da alegria um componente de sua santidade. Ele sempre se mostrava alegre e sorridente: é assim que todas as fotos que chegaram até nós o retratam. Ele era um homem de relações humanas fáceis, com uma visível carga de simpatia, sempre feliz em entreter pessoas humildes. Mas ele era, acima de tudo, um homem de Deus. Ele O irradiou. Um dos médicos do hospital disse: “Quando vi o Sr. Zatti, minha descrença vacilou”. E outro: “Eu acredito em Deus desde que conheci o Sr. Zatti”.

Em 1950, ele caiu de uma escada e foi neste acidente que os sintomas de um câncer se manifestaram, o que ele lucidamente diagnosticou. Entretanto, ele continuou a cumprir sua missão por mais um ano, até que após aceitar heroicamente o sofrimento, faleceu em 15 de março de 1951 em plena consciência, cercado pelo afeto e gratidão de uma população que a partir daquele momento começou a invocá-lo como um intercessor junto a Deus. Todos os habitantes de Viedma e Patagones compareceram ao seu funeral em uma procissão sem precedentes.

A fama de sua santidade espalhou-se rapidamente e seu túmulo começou a ser muito venerado. Ainda hoje, quando as pessoas vão ao cemitério para os funerais, sempre passam para visitar o túmulo de Artemide Zatti. Beatificado por São João Paulo II em 14 de abril de 2002, o Beato Artemide Zatti foi o primeiro coadjutor salesiano não-mártir a ser elevado às honras dos altares.

Reprodução: Agência Nacional Salesiana
Padre Pierluigi Cameroni SDB – Postulador Geral

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